quarta-feira, junho 2

Recadinho para o Anônimo

Primeiramente o anonimato é uma covardia. Vivemos numa democracia onde ninguém deve temer o que fala, o que escreve e o que pensa. Os limites? São dados pela lei. Quero deixar claro que nenhum dos comentários que foram retirados do blog infringiram a lei em momento algum. Mesmo os de "outros anônimos" e não do nosso anônimo mais contumaz, com xingamentos e ofensas, porque injúria está em quem ouve e não em quem fala. Como jornalista ser ofendido, xingado etc é a coisas mais normal que existe. Acontece com qualquer um nesta profissão, principalmente para quem cobre e opina sobre assuntos pesados e complicados.

Quanto mais gente que discorda de mim eu desagradar, melhor fica o meu dia, e aumenta o ânimo para desagradar cada vez mais no dia seguinte!
Mas estou cortando o anonimato no blog por um simples motivo: o blog é meu! Se vocês quiserem expressar suas opiniões e seus pontos de vista, que pessoalmente considero ofensivos, mas dentro do discurso democrático, façam o seu blog! Emitam sua opinião! Dêem sua cara a tapa! Aproveitem a liberdade que temos.

Mas agora quero responder ao nosso "anônimo" que levantou um caso muito sério que para mim está no cerne da questão antissemita envolvendo a União Soviética. Já discuti isso com outro "não anônimo" que também frequenta meus posts e vídeos.

Vocês tem mania de pegar sobrenomes europeus e russos e definir pela ortografia ou sonoridade que são judeus. Tem o tempo todo alguém me enchendo o saco dizendo que Adolf EICHMANN era judeu e que Alfred ROSENBERG era judeu. Cacete! Vcs acham que tudo que termina em berg e man é judeu? Isso é uma ignorância completa! Os sobrenomes europeus são todos misturados!

Não interessa que haja biografias sobre Eichmann, que ele tenha sido julgado, que ele tenha podido falar e escrever qualquer coisa ao longo de sua vida e nunca ter dito que era judeu... Para o teórico da conspiração dos sobrenomes "eu sei mais que o próprio Eichmann... Ele era judeu, mesmo que nunca tenha dito isso ou tenha sido questionado sobre isso..."

Geralmente os sobrenomes alemães com consoantes duplas são sobrenomes judaicos, mas isso não é regra, e aconteceu em determinadas épocas onde os governos queriam distinguir os judeus e os obrigaram a dobrar uma consoante. Neste caso o Eichmann em questão é um dos que foge a regra. Não seria possível pertencer a SS e muito menos chegar a sua posição se tivesse "sangue judaico" na família até o século 16. E se por acaso esse foi um sobrenome judaico foi do século 15 e passou no crivo da política racial nazi. Para os nazis, este Eichmann não era judeu, senão teria sido enviado imediatamente para Dachau.

Por exemplo, vamos tomar uma sobrenome tradicional alemão, com vários detentores da cruz de ferro na WW1 e WW2: STEINER - esse sobrenome não é judeu mas tem um monte de judeus com ele! SILVA no Brasil. VCs acham que não tem judeus chamados Silva? Claro que tem.

E pior: Hittler (com dois "ts") é um sobrenome judaico com mais de 600 anos na Alemanha. Com um "t" não é judaico. Havia uma família Hittler no Rio de Janeiro que hoje mora em Israel... Era muito estranho...


Isso se relaciona com a outra declaração que li atentamente de nosso anônimo quando ele disse que não houve pogroms na União Soviética. Bem, entre 1917 e 1941, dezenas de milhares de judeus foram massacrados e isso é tudo bem registrado - não pelos judeus, mas pelos russos e ucranianos -, principalmente na Ucrânia. Durante a revolução, aldeias inteiras foram arrasadas pelas forças comunistas e na volta da frente de combate alemão das forças imperiais (brancas) há um monte de massacres muito bem registrados com relatórios militares pormenorizados e tudo mais. Os caras receberam medalhas e citações pelos massacres. Bem, pelo menos estes oficiais depois foram todos expurgados e mortos pelos comunistas...


Uma das alegações de nosso anônimo é uma lista com uns 30 nomes de judeus em cargos importantes do regime comunista (mas não situados no tempo dos pogroms). Não lhe interessa, nada mais óbvio, que 30 nomes de judeus ao longo de 30 e poucos anos, não exatamente os dos dirigentes das ações comunistas em todo o império soviético. Ou alguém acha que não havia mais ninguém além de 30 judeus?

Muitos desta lista são da primeira fase da revolução, da fase Kerensky, antes de Lenin e foram mortos quando Lenin assumiu o poder.


Nessa época a população judaica apenas da Rússia é estimada em 2,5 milhões e 30 nomes condenam a todos! É a retórica antissemita clássica. E o mais nojento disso é a continuação do uso do termo "judeu comunista." Há um racismo contra os judeus tão grande e tão entranhado que aos judeus nem foi dada a possibilidade (pelos antissemitas) de terem abandonado a religião (o que efetivamente fizeram) e serem apenas comunistas como todos os outros. Não: eram e são "judeus comunistas."


O racismo desta questão é tão forte e permanente que você vai dizer: Trotsky, judeu comunista e jamais vai dizer Lenin cristão comunista!!! Cacete! Nem existem os termos cristão comunista, muçulmano comunista, budista comunista, taoista comunista! Só existe judeu comunista! Isso é o antissemitismo! Ao se tornarem comunistas e tendo as religiões proibidas, todos passaram a ser sovietes, mas os judeus não!


Havia tanto antissemitismo ainda na época de Lenin que ele exigiu - e foi feita - uma enorme campanha publicitária na União para que cessassem as agressões e ataques contra os judeus que deveriam ser tratados como iguais. Eu tenho uns 3 cartazes e vou colocar eventualmente aqui.


Abs,

6 comentários:

  1. Deste modo, os judeus acolheram como um milagre a abdicação do Czar e o estabelecimento de um governo provisório em 1917, pois parecia que a carga de séculos seria retirada de cima deles. Quando os bolcheviques tomaram o poder sob Lênin, pogroms horríveis ocorreram por todo o país, especialmente na Ucrânia em 1918 e 1919; o único grupo armado que não perseguiu os judeus foi o Exército Vermelho dos bolchevistas que, de fato, puniu alguns dos perpetradores de atrocidades. Assim, os judeus passaram a ver o Exército Vermelho como seu protetor...
    o próprio Partido... começou a encorajar uma miríade de culturas nacionais... e um dos resultados ocasionou o reflorescimento da cultura iídiche sustentada pelo Estado!

    fonte: História Ilustrada do Povo Judeu, Raymond P. Scheindlin, Ediouro. pp. 265-266.

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  2. José, em nome do Eterno, quero dizer que de todo coração, amo Israel, Jerusalém, e a história judaica, até porque, a semana passada estive no SESC Pompéia, em São Paulo, e mais uma ves vez saí de lá comovido com o que vi. É para que reflitamos... Mas só gostaria, de saber qual tua opinião sobre a questão palestina!
    Porque, para quem passou por tudo que passou durante a Shoá, não está mais do que na hora de revermos certas atitudes? O que me diz do ataque aos comboios?
    Me solidarizo com teu recado em relação aos anônimos, porque discordar, não significa ofender ou partir para ataques oriundos da ignorância.
    Abraços, shalom.
    Um abraço.

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  3. http://www.amazon.com/Hitlers-Jewish-Soldiers-Descent-Military/dp/0700611789

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  4. Eu li o livro indicado pelo Stefano "Os Soldados Judeus de Hitler" (já com versão em português) qdo havia apenas em inglês e consta de nossa biblioteca. É um trabalho muito sério de pesquisa e documentação e deve ser lido por qualquer um que se interesse pela WW2 e o Holocausto, por abordar um tema pouco conhecido e discutido. Até a publicação do livro não havia debate sobre este assunto.

    Mas o título trás uma noção um pouco errada e é um título comercial, muito bom. Dá a impressão de que os judeus se alistaram para servir como soldados nazistas.

    Em resumo muito curtinho. Na Primeira Guerra Mundial cerca de 100.000 judeus serviram ao exército alemão e 12.000 foram mortos em combate.

    Após a publicação do Estatuto da Raça pelo regime nazista houve uma percepção de que havia um grande contingente, inclusive de homens com treinamento que não eram o que se considerava como judeu "100%", pelo Estatuto, filho de ambos pais judeus (mesmo que não professasse a religião). Foram definidos então os judeus "50%" (dois avós judeus) e os judeus "25%", um avô judeu.

    Eram pessoas que na quase totalidade não tiveram pais judeus seguindo a religião judaica, nem foram criados como judeus, mas como alemães iguais ao outros, muitos deles batizados católicos ou luteranos que nem ao menos sabiam de sua descendência "racial legal" judaica.

    Houve uma legislação especial que permitiu que os 25% e os 50% fossem recrutados ou se apresentassem. Eram considerados judeus pela lei alemã, mas não eram considerados judeus pelas comunidades judaicas que nunca frequentaram. Estavam num mau momento pessoal, sendo definidos judeus por lei, sem nunca terem sido de fato.

    Eram chamados na Alemanha por "mishling" que pode ser traduzido como "mutante" ou "mestiço." Ao longo da WW2 foram cerca de 250.000 servindo as várias armas, menos à SS e aos batalhões de polícia do exército (nos quais foram formados os Grupos de Extermínio).

    Havia todas as patentes, de soldado a generais de exército e almirantes. Um grande número de condecorações por bravura e destaque em serviço como as máximas "cruz de cavaleiro" etc, mas em percentual semelhante ao outros soldados.

    Foram tratados como iguais pelos alemães até o final de 1943, quando todos os judeus 50% incorporados sobreviventes foram retirados de suas unidades e enviados à campos de concentração e trabalhos forçados e até o final da guerra quase todos os judeus 25% sobreviventes tiveram o mesmo destino.

    O livro traz vários documentos de oficias da frente de combate reclamando da retirada de bons soldados de suas unidades.

    Poucos estavam vivos em 1946 e alguns deram seus depoimentos para o livro em diversas épocas, inclusive oficiais superiores. Eles não são incluídos como vítimas do Holocausto e aqui é preciso uma explicação.

    Pelo acordo de cessar fogo e rendição alemã, qualquer um que tenha pego em armas e lutado na WW2 seja em exército regular ou guerrilha tinha status de combatente ou de inimigo combatente. suas mortes e reintegração à sociedade se deu como soldados e combatentes e não como vítimas.

    É de fato um dos livros básicos a ser lido sobre a Segunda Guerra Mundial.

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  5. tem outra... segundo a Wikipedia ... a 1ª dama da Croacia Ustasha era judia. (Maria Pavelic)

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  6. José,
    O velho nazista, continua na ativa.
    Veja o link abaixo:

    http://secastan.wordpress.com/2010/06/24/selecao-alema/

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