sexta-feira, junho 11

Revisionismo Comunista em Tempos de Cólera - correção


No dia 14 de junho de 2010 - A bem da verdade

por José Roitberg

Não me interessa neste blog fazer propaganda. No caso abaixo, o colega Miguel reagiu corretamente a notícia (reproduzida na íntegra) divulgada para o mundo inteiro pela agência de notícias espanhola EFE (controle estatal). Após alguns dias de pesquisa venho afirmar de cara limpa que esta matéria é uma MONTAGEM da EFE!

Dentro da linguagem jornalística um texto entre aspas é uma citação retirada de outro texto ou do discurso falado de alguém. Deve, portanto, reproduzir com a máxima fidelidade, dentro das possibilidades da tradução, o original. Como o original foi divulgado em várias línguas - incluindo português - a tradução era desnecessária.

Todas as "reflexões" de Fidel Castro estão publicadas em várias línguas no site do governo cubano http://www.cuba.cu/gobierno/reflexiones/reflexiones.html e na notícia falsa da EFE as citações entre aspas atribuídas a Fidel são na seguinte ordem:

"O ódio do Estado de Israel contra..." é uma citação verdadeira mas manipulada e dentro da liberdade de imprensa e opinião que temos no Brasil, mas não há em Cuba, é considerada ofensiva por nós, mas é apenas uma opinião. Palestina ainda não é um país.

Fidel: "O ódio do Estado do Israel contra os palestinos é tão grande, que eles não vacilariam em enviar milhão e meio de homens, mulheres e crianças desse país para os crematórios nos que foram exterminados pelos nazistas milhões de judeus de todas as idades."

EFE: "O ódio do Estado de Israel contra os palestinos é tal que não vacilariam em enviar o milhão e meio de homens, mulheres e crianças desse país aos crematórios nos quais milhões de judeus de todas as idades foram exterminados pelos nazistas"

Segunda - "Fidel assegura que estas opiniões..." é uma citação PARCIALMENTE verdadeira, com erros de tradução e manipulação por parte da agência EFE que retirou o final da frase do contexto. Na notícia da EFE a gramática errada empregada leva a entender que o Governo de Batista enviou de volta o navio com refugiados judeus devido à perseguição nazista (como se FIDEL estivesse chamando o governo de Batista e os EUA de nazistas), mas não foi isso que o ex-líder cubano disse. Compare os dois textos:

Fidel: "Não nasce do ódio esta opinião, senão do sentimento de um país que se solidarizou e que ofereceu abrigo aos judeus durante os dias duros da Segunda Guerra Mundial, o governo pro-ianque de Batista tentou enviar de retorno desde Cuba um navio carregado deles, que fugiam da França, da Bélgica e da Holanda devido à perseguição nazista." 

EFE: Fidel assegura que estas opiniões sobre Israel não nascem do ódio, mas "do sentimento de um país que se solidarizou e prestou auxílio aos judeus nos duros dias da Segunda Guerra Mundial quando o Governo pró-americano de Batista tratou de enviar de volta de Cuba uma embarcação carregada deles, que escapavam da França, Bélgica e Holanda por causa da perseguição nazista".

Como se pode ver a citação publicada pela EFE é falsa, manipulada e gramaticalmente incorreta. Mas o discurso de Fidel é totalmente de propaganda contando com a ignorância do público para os fatos históricos e mostra Cuba, mesmo a de Batista, como tendo se solidarizado com os refugiados judeus, coisa que não ocorreu. A história correta do episódio que ele cita é: "Em um evento altamente noticiado entre maio e junho de 1939, os Estados Unidos se recusaram a receber mais de 900 refugiados judeus que haviam cruzado o oceano no navio St. Louis. partindo de Hamburgo, na Alemanha em busca de salvação. Os passageiros do St. Louis, que acreditaram ter obtido vistos de trânsito em Cuba, onde aguardariam a aprovação de seus vistos norte-americanos, no último momento não obtiveram permissão para desembarcar, e o navio então iniciou uma jornada desesperada em busca de abrigo, mas ao aproximar-se da costa da Flórida não obteve permissão das autoridades norte-americanas para atracar. Sem permissão para aportar nos Estados Unidos, o navio foi forçado a retornar à Europa, onde navegou por alguns países para os quais os refugiados imploravam refúgio. A Grã-Bretanha, a França, a Holanda e a Bélgica acabaram por aceitar alguns dos passageiros como refugiados, e os restantes tiveram que retornar para a Alemanha. Sabe-se que dos 908 passageiros do St. Louis que retornaram à Alemanha, 254 (quase 28%) morreram no Holocausto; 288 refugiaram-se na Grã Bretanha; e dos 620 que foram forçados a retornar à Europa central, 366 (pouco mais de 59%) sobreviveram à Guerra."

Quanto à terceira citação o problema é muito mais grave, pois não há tal texto nas reflexões de Fidel, tendo sido criado pela Agência EFE:

EFE: O líder cubano responsabiliza os Estados Unidos pela "ideia aventureira" de criar em Israel, na década de 50, "um germe no Oriente Médio que hoje ameaça uma parte considerável da população mundial e é capaz de atuar com a independência e o fanatismo que o caracterizam".

Fidel: "Naquela época, o Estado do Israel não tinha nenhuma arma nuclear. O império tinha um enorme e incontrastável poder nuclear. Foi então que os Estados Unidos pensaram na aventureira idéia de criar em Israel um gendarme no Oriente Médio, que hoje ameaça uma parte considerável da população mundial e que é capaz de agir com a independência e o fanatismo que o caracterizam."
 
É preciso um pouquinho de explicação aqui. A interpretação correta do texto de Fidel é que nos anos 1950 os Estados Unidos resolveram enviar armas nucleares para Israel e não criar Israel como a EFE publicou. Só que historicamente nesta época os aliados de Israel eram Inglaterra e França. Os EUA se mantinham afastados e só houve a troca de aliados após a Guerra dos Seis Dias em 1967, não tendo fundamento algum a noção de ajuda militar americana a Israel nos anos 1950. É impressionante a retórica Cubana de definir que Israel com seus 7 milhões de habitantes ameaça a população mundial. São por acaso israelenses os judeus os que se explodem todos os dias nos países islâmicos "ameaçados por Israel?"

Esse texto abominável da EFE transformou um gendarme, um guarda, o tal "cão de guarda do capitalismo" tão citado pela esquerda, em "germe" como nos discursos nazistas. Note que o texto oficial do governo cubano traz o termo francês "gendarme" mantido em todas as línguas publicadas e não há como confundir com "germe." Baseado nesta manipulação da EFE a revolta foi instalada com mais veemência entre os que discordam de Fidel e do comunismo, de forma verdadeira, mas levada ao erro pelo texto inconfiável da EFE.

A EFE também optou por deixar de fora o parágrafo anterior no qual Fidel também caracteriza como um gendarme americano no Oriente Médio o Irã dos tempos do Xá Reza Pahlevi.

Mas o texto original de Fidel, bem como os do governo brasileiro e outros grupos de esquerda citam a decisão das sanções da ONU basicamente com a mesma retórica bizarra: "Nada de estranho teria que tanto o Israel quanto os Estados Unidos e os seus aliados mais próximos com direito ao veto no Conselho de Segurança, a França e a Grã Bretanha, quisessem aproveitar o grande interesse que provoca o Mundial de Futebol para acalmar a opinião internacional, indignada pela criminosa conduta das tropas elites israelitas perante a Faixa de Gaza." (erro no original)

É impressionante como todos os círculos de esquerda REMOVERAM do Conselho de Segurança da ONU a Rússia e a China que não só não vetaram como votaram A FAVOR do embargo!!! Isso é o exemplo stalinista-soviético da manipulação da informação para seu povo e seguidores. Como explicar que a terra de Mao votou "a favor" de Israel e e dos EUA? Como explicar que a Rússia, não só não vetou, como votou a favor? Impossível! Como explicar que o líder palestino Mahmud Abbas deu uma entrevista nos EUA pedindo para que o BLOQUEIO NAVAL SOBRE GAZA CONTINUE??? Impossível. Então a mentira deve ser o discurso, também "nada de estranho" aí.

E é muito importante saber quem mais votou a favor. Quem são os tais aliados de Israel e dos Estados Unidos... Líbano, muçulmano, mesmo com forte presença política do Hezbollah que faz parte da estrutura de governo do Irã se absteve... Nigéria, muçulmana, a favor. Bósnia, muçulmana, a favor. Gabão, a favor. Japão, a favor. Uganda, México e Áustria, a favor. Apenas Brasil e Turquia, contra. O texto de propaganda oficial cubana dá a entender que EUA, Grã Bretanha e França são os que votaram a favor e decidiram pelo boicote. E que seus aliados próximos e não a Rússia e a China, não vetaram...

Fidel ainda escreve para seus seguidores que ".. forças elites do Israel (erro no original), que transportadas em helicópteros assaltaram durante a madrugada do dia 31 de maio a flotilha que levava alimentos para o milhão e meio de palestinos sitiados em uma parte de sua própria Pátria..." dando a entender que os navios levavam alimentos para todos os palestinos, quando sequer levavam alimentos, e sua carga era de pouco mais de 10 toneladas em contraste com as 15 mil toneladas mês que entram na Faixa de Gaza por seus postos de fronteira.



(abaixo a publicação original)

Agora presta atenção ao requinte da coisa (parágrafo assinalado em vermelho) e na virulência do termo "germe", diretamente decalcado do imaginário nazista (teria sido um ato falho do nosso guia revolucionário?), no parágrafo realçado em azul. Veja que o texto já transfere malandramente a fundação do Estado para os anos 1950 (a desinformação subliminar, secundária, destinada a fixar-se no leitor desavisado). A coisa é elaborada.


p0r Miguel Fernandes





Fidel diz que Israel se compara aos nazistas com seu ódio aos palestinos
De Agencia EFE – há 1 minuto
Havana, 11 jun (EFE).- O ex-presidente de Cuba Fidel Castro disse que "a suástica do Führer (Hitler) parece com a bandeira de Israel hoje" na sua tradicional coluna "Reflexões", divulgada nesta sexta-feira pelos meios de comunicação oficiais da ilha.
"O ódio do Estado de Israel contra os palestinos é tal que não vacilariam em enviar o milhão e meio de homens, mulheres e crianças desse país aos crematórios nos quais milhões de judeus de todas as idades foram exterminados pelos nazistas", afirma Fidel em sua última coluna.
O comandante escreve assim a propósito do ataque "brutal", nas suas palavras, de forças de elite israelenses a uma frota que tentava romper o cerco de Israel a Gaza para levar ajuda humanitária aos habitantes do território palestino.
Fidel assegura que estas opiniões sobre Israel não nascem do ódio, mas "do sentimento de um país que se solidarizou e prestou auxílio aos judeus nos duros dias da Segunda Guerra Mundial quando o Governo pró-americano de Batista tratou de enviar de volta de Cuba uma embarcação carregada deles, que escapavam da França, Bélgica e Holanda por causa da perseguição nazista".
No artigo, o ex-presidente também se refere às novas sanções ao Irã impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas devido ao programa nuclear de Teerã e, na linha das últimas colunas, afirma que "uma nova e tenebrosa etapa se abre para o mundo".
O líder cubano responsabiliza os Estados Unidos pela "ideia aventureira" de criar em Israel, na década de 50, "um germe no Oriente Médio que hoje ameaça uma parte considerável da população mundial e é capaz de atuar com a independência e o fanatismo que o caracterizam".
Fidel, aos 83 anos, está afastado da vida pública desde 2006 por causa de uma doença que o levou a ceder o poder a seu irmão Raúl, embora ainda seja secretário do governista Partido Comunista.
Esta é a quinta coluna "Reflexão" do líder cubano publicada em menos de 15 dias.
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6 comentários:

  1. Norman Finkelstein também é um "terrivel antisemita" . procure saber do livro dele... " a Industria do Holocausto"
    Noam Chomsky e o Naturei karta são 2 "infames antisemitas"....

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  2. a EFE é uma agência mau-carater!!! a EFE adora fala rmal de Cuba e não enxergar a própria Espanha, que é governada por herdeiros de Franco!!
    Falam de liberdade de expressão pra fulano, sicrano.... mas eles próprios não cumprem isso.
    Na Espanha, quem "injuriar" o rei e seus próximos levará multa... e até cadeia!!! E o juiz Garzón?? Foi processado por tentar julgar crimes do franquismo!!

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  3. Ah... por falar na Espanha... Franco ganhou o poder com ajuda de Hitler. Franco enviou voluntários pra Hitler durante a 2ª guerra (Division Azul). Depois da guerra, Franco deu asilo a inumeros nazis... (Degrelle, Pavelic, Skorzeny...) e o Ocidente democrático não armou nenhum escândalo!!! Ah... os EUA... que é aliado de Israel, é o mesmo que empregou antigos nazistas na NASA e na CIA.... Grande hipocrisia!!!

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  4. "os Estados Unidos se recusaram a receber mais de 900 refugiados judeus"

    E hoje vem bancar o humanitário ao receber refugiados de Cuba, China etc.

    PS: as relações EUA e nazismo foram AMBÍGUAS

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  5. Inclusive até o ataque japonês a Pearl Harbour, em dezembro de 1942, ao mesmo tempo em que enviava ajuda militar para a Inglaterra se defender dos alemães, o governo americano mantinha as empresas americanas operando e comerciando com a Alemanha nazista. Se formos contar foi do início de 1933 ao final de 1942, ou se formos incluir só a guerra, de setembro de 1939 ao final de dezembro de 1942. Estou preparando uma matéria sobre a Coca-Cola na Alemanha e já tirei a dúvida se ela foi ou não arianizada (ter seus diretores substituídos por membros do partido nazista) para continuar operando. Não foi. Desde o início de 1943 quando acabou o xarope importado dos EUA até o final da guerra a Coca-Cola gmHb vendeu mais de 6 milhões de caixas de Fanta (em garrafa prórpia) e um número enorme e não especificado de água mineral (em garrafas da Coca) mantendo em operação 44 fábricas na Alemanha (todas bombaredeadas ao longo da WW2, mas com áreas de produção sigilosas mantidas intactas fora dos grandes centros

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  6. e hoje os EUA vem derramar lágrimas de crocodilos pra vítimas do nazismo....
    Procure assistir ao documentário de Kevin McDonald "My enemie's enemy".... aborda o nazi Klaus Barbie... depois da guerra ele foi empregado pelos EUA, foi pra Bolivia com ajuda do Vaticano e EUA... ajudou os ditadores bolivianos a reprimir o povo...
    e acabou a sendo extraditado pra França.onde foi julgado e condenado.
    Nota: o organizador do julgamento foi Mitterrand (antigo lacaio de Pétain e Hitler)

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