Os judeus tinham nomes, rostos, casas, trabalhos, teatros, cinemas, bibliotecas, livros, cidade, aldeias, plantações, animais, vida.
Memorial do Holcoausto tem que refletir a vida que se perdeu e não ser um mar de lápides ridículas.
Rachadas, ficam mais reais, pelo menos, pois a vida judaica foi rachada. A cabeça dos judeus foi rachada. A pele dos judeus foi rachada. Que essas pedras fiquem rachadas e alguém tenham o mínimo discernimento de não consertar.
Do museu anexo, ninguém fala.
José Roitberg - jornalista
Alemanha | 07.03.2010
Ação do inverno danifica Memorial do Holocausto em Berlim
O diretor da fundação que inspeciona o memorial dedicado aos judeus assassinados pelo regime nazista na Europa declarou que a maioria das 2.711 estelas de concreto que compõem o monumento estão danificadas. Isso, apenas cinco anos após a inauguração do memorial.
De acordo com o diretor Uwe Neumärker, os especialistas não encontraram até agora nenhuma solução satisfatória para o restauro dos mais de dois terços das estelas.
O diário sensacionalista alemão Bild noticiou que a neve, a geada e outros tipos de erosão causaram rachaduras em 2.200 estelas – mais de três quartos do total. O jornal cita a previsão de especialistas, segundo os quais a instabilidade dos blocos de concreto poderá tornar necessária a demolição do monumento que custou aproximadamente 28 milhões de euros.
Bildunterschrift: Pelo menos oito milhões de pessoas já visitaram a obra de Peter EisenmanOutro tipo de instabilidade
Na inauguração do Memorial aos Judeus Assassinados da Europa, há cinco anos, o arquiteto norte-americano Peter Eisenman, autor do projeto, negou que a obra fosse estética demais, assinalando que a experiência de incerteza e de instabilidade estão propositalmente presentes no memorial.
Na época, evidentemente ele estava se referindo à concepção da obra e não a qualquer tipo de instabilidade física dos monólitos que compõem o memorial.
Os primeiros relatos sobre rachaduras nas estelas de concreto começaram a aparecer na imprensa há quatro anos. Adam Kerpel-Fronius, da fundação do memorial, disse à Deutsche Welle que o problema não é novo.
Causa das rachaduras é desconhecida
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Tentativas de restauro não deram certo até agora"
O espaço que o memorial ocupa não é pequeno. Nós mesmos precisamos de aproximadamente três dias para inspecionar todas as estelas e localizar as rachaduras. Fazemos isso uma vez por ano, a fim de avaliar o estado do monumento. A última inspeção foi realizada em outubro passado, e certamente faremos o mesmo quando este inverno passar", assegurou Fronius.
Nos últimos anos, houve várias tentativas de reparar as rachaduras injetando uma resina sintética nos locais afetados pela erosão. No entanto, isso não surtiu o efeito esperado. Até agora não se encontrou nenhuma solução técnica satisfatória que atendesse também a todos os fatores estéticos da obra.
Fronius não tem certeza se o aumento do número de rachaduras pode ser inequivocamente atribuído ao efeito do inverno. A fundação do memorial encomendou um estudo para investigar o cerne da questão.
"Estamos tentando investigar, porque até agora ainda não há nenhuma comprovação científica sobre as causas das primeiras rachaduras. Não sabemos por quê, e a empresa que construiu o memorial também parece não saber. Estamos tentando esclarecer os fatos em primeiro lugar, e isso já está em andamento", comunicou.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Memorial foi inaugurado em 2005 na presença do arquiteto (à esquerda)Memorial continua sendo seguro para visitantes
Mesmo admitindo que o número de rachaduras nas estelas aumentou no decorrer do tempo, a fundação do memorial assinala que a análise de estrutura demonstrou que as estelas estão firmes, longe do perigo de se desintegrarem. Isso significa que o atual estado do memorial não representa nenhum risco para os visitantes.
A instituição também refutou com veemência as opiniões dos especialistas anônimos citados pelo Bild, segundo os quais a única solução seria demolir as estelas e reconstruir o memorial com materiais resistentes a rachaduras.
Desde a inauguração do Memorial do Holocausto, o campo de estelas e o centro de informações subterrâneo se estabeleceram como um dos principais polos de atração de visitantes em Berlim. Ao longo de cinco anos, mais de oito milhões de pessoas já circularam pelo campo de estelas localizado nas imediações do edifício do Reichstag e do Portão de Brandemburgo.
Autor: Hardy Graupner (sl)
Revisão: Carlos Albuquerque
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