(autorizado para publicação - não há fotos de alta resolução)
Na segunda, dia 8 de março, Pedro Bial perguntou os BBBs se alguém sabia por que o dia 8 de março era o Dia Internacional da Mulher. Ninguém sabia e quase ninguém sabe. Se for perguntar por aí, vão dizer até que é algo recente.
Bial então explicou que ele foi criado em homenagem as mulheres que morreram queimadas no incêndio de uma confecção em Nova Iorque no início do século e bem... Esta mensagem ERRADA foi passada para dezenas de milhões de pessoas.
O incêndio em questão, considerado a maior tragédia novaiorquina até 9/11 aconteceu no dia 25 de março de 1911. Portanto, nada a ver com o dia 8. A empresa era a Triangle Shirtwaist Factory de propriedade de dois judeus Max Blanck e Isaac Harris, que fugiram enorme prédio no início do incêndio. Foram 146 trabalhadoras mortas, a maioria queimada e várias se jogaram pelas janelas. Os donos da empresa trancavam as portas e as saídas. Umas 31 vítimas fatais eram judias. Ao todo eram 700 trabalhadores e a tragédia só não foi maior porque o incêndio começou no oitavo andar.
O Dia Internacional da Mulher foi criado como o primeiro evento do Partido Socialista da América no dia 8 de março de 1909. O partido foi criado em 28 de fevereiro. E daí a data se manteve até hoje. Em 1912, evidentemente, foi incluída em Nova Iorque a homenagem às trabalhadoras mortas no ano anterior.
A partir deste incêndio foram criadas uma série de leis trabalhistas e de construção para evitar que outra tragédia desta se repetisse, e deu certo. Na época do incêndio a jornada de trabalho era de 52 horas semanais.
Mas a história não termina aí. O julgamento dos donos foi tumultuado com a contratação de um ótimo advogado por eles contra um fraco promotor público. A tática da defesa foi desacreditar as testemunhas sobreviventes dizendo que elas mal conseguiam falar inglês, que não tinham educação etc. O juri os absolveu da culpa de trancar as portas no horário de trabalho. Houve um processo trabalhista e Blanck e Harris foram condenados a pagar míseros 75 dólares para as famílias de cada vítimas fatal. Mas o seguro pagou a eles, além do prejuízos materiais, cerca de 400 dólares por vítima fatal e estes escroques ainda ganharam 325 dólares por cada mulher morta... Em 1913 Blanck foi preso novamente por manter as portas da fábrica trancadas em horário de trabalho e multado com a quantia "exorbitante" de 20 dólares.
Esse é um exemplo horroroso de como eram as relações capitalistas no início do século 20 que levavam inevitavelmente a necessidade da criação de outras alternativas políticas e de relações de trabalho. O prédio existe até hoje. A sobrevivente mais antiga, judia, Rose Freedman, faleceu em fevereiro de 2001 aos 107 anos...
(na outra foto de jornal da pag 1 do The new York Times do dia seguinte, uma pilha na calçada com 40 corpos das trabalhadoras. Vê-se um bombeiro. Uma hora depois de tirada esta foto, duas mulheres foram descobertas com vida empilhadas junto aos corpos queimados...)
José Roitberg - jornalista
quarta-feira, março 10
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