sábado, março 27

Em estreia no Festival de Curitiba, "Ghetto" leva plateia às lágrimas

25/03/2010 | 13:10 | Aldrin Cordeiro atualizado em 25/03/2010 às 14:32

A estreia nacional de Ghetto (confira o serviço) foi recebida com lágrimas e aplausos emocionados do pequeno público que compareceu ao Teatro Paiol na noite de quarta-feira (24). Uma das montagens mais aguardadas do Festival de Curitiba, o monólogo fala do terror do holocausto vivido por um judeu.

Inspirado na obra Yossel Rakover Dirige-se a Deus, do escritor Zvi Kolitz, Ghetto traz ao palco o ator Fábio Herford na pele de Rakover. Intimista, Herford faz seu monólogo cercado por cartas espalhados no chão e pilhas de sapatos amontoados - o que me remeteu a imagens dos corpos dos judeus mortos por Hitler.

O tom íntimo entre enredo e ator, que é judeu, se estendeu à plateia - formada uma parte por senhores e senhoras. Provavelmente, estas pessoas se lembraram das próprias histórias de família, o que provocou choro durante a peça inteira. Outro fator dramático foi o piano, que Herford tocou em três momentos distintos com canções de sua própria autoria.

Nos 60 minutos de peça, escondido em um porão no Gueto de Varsóvia, o maior reduto judaico da Alemanha Nazista na Polônia, Rakover pergunta a Deus (muitas vezes olhando aos céus) por quais motivos ele vive aquilo e por que os homens aniquilam seus semelhantes. "É difícil ser judeu", diz.

Ele também descreve como perdeu a mulher e os cinco filhos, além de outras 12 pessoas que se escondiam no porão. Prevendo a própria morte, Rakover se define: "um judeu que morreu abandonado por Deus. Esse Deus que ele crê tão firmemente."

Com direção de Elias Andreato, a estreia nacional de Ghetto teve leves falhas, como palavras "tropeçadas" ou uma escorregada de Herford nos papéis no chão. Porém, as goteiras no teto do Teatro Paiol, conseqüência da forte chuva que caía naquele momento, insistiam em atingir a frente do palco. Erro grave (do local).

Ao terminar o monólogo, Fábio Herford agradeceu a presença de todos e afirmou que a história interpretada era muito íntima. Se a máxima de estrear em Curitiba é uma boa forma de testar uma peça, Ghetto com certeza foi aprovada pelo crivo dos presentes. As goteiras, não.

http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/festivaldecuritiba/conteudo.phtml?tl=1&id=986339&tit=Em-estreia-no-Festival-de-Curitiba-Ghetto-leva-plateia-as-lagrimas

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