sábado, março 13

Carta do Hamas - tradução em português

O Estatuto de Alá: A Plataforma do Movimento de Resistência Islâmico (Hamas) (1)

Traduzido e anotado por Raphael Israeli

Harry Truman Research Institute
The Hebrew University, Jerusalem, Israel

(veiculado no site do Hamas)

em português: Herman Glanz



Em nome de Alá, o Misericordioso, o Compadecido

"Sois a melhor comunidade que surgiu em toda a humanidade. Deveis assumir convosco seguirdes uma conduta correta e proibirdes a indecência; e crerdes em Alá. E se o Povo das Escrituras (2) tivesse adotado essa crença, teria sido melhor para ele. Mas somente poucos dele são crentes; a maioria é praticante do mal.

Esses infiéis não vos poderão causar mal algum, salvo injúrias insignificantes. E, se lutarem contra vós, acabarão dando meia volta e fugirão repelidos. E depois de tudo, não serão socorridos.

Estão cobertos pela ignomínia onde quer que possam estar, salvo quando se ligarem em laços estreitos com Deus e com os homens.(3) O seu Deus está zangado com eles e estão cobertos pela humilhação. Tudo isso porque não crêem nas revelações de Alá e entendem os profetas erradamente. Tudo porque se mantêm rebeldes (contra Deus) e persistem nessa transgressão." [Surah III – (Al Imran), versículos 109-112] (4)

”Israel irá se levantar e permanecerá de pé até que o Islã venha a eliminá-lo, como ele eliminou seus antecessores.” (O Iman e mártir Hassan al-Banna, Que Alá tenha piedade de sua alma) (5)

”O mundo islâmico está ardendo em chamas. Incumbe a cada um de nós lançar água, por diminuta quantidade que seja, para extinguir o mais possível do fogo, sem esperar a participação dos outros.” (Sheikh Amjad Al-Zahawi , que Alá tenha piedade de sua alma).


INTRODUÇÃO

Graças a Alá, cuja ajuda buscamos, cujo perdão imploramos, cuja orientação pedimos e em quem confiamos. Oramos e pedimos que a paz recaia sobre o Mensageiro de Alá, sua família e companheiros, seus seguidores e todos aqueles que difundiram sua mensagem e seguiram sua tradição; eles permanecerão no mundo enquanto existirem o céu e a terra.

Oh! Povo!.

Em meio às desventuras, das profundezas do sofrimento dos corações que crêem e dos braços purificados, cientes do nosso dever e em resposta ao determinado por Alá, dirigimos nosso chamamento(6), formemos juntos e reunamo-nos uns aos outros. Nós nos educamos no caminho de Alá e assumimos a firme determinação de segui-Lo como nosso guia de vida, de ultrapassar todas as dificuldades e a cruzar todas as barreiras. E então ficaremos permanentemente preparados e prontos para sacrificar nossas almas e tudo o que nos é mais caro no caminho de Alá.

Assim, nosso núcleo se acha formado, e seguirá seu caminho por oceanos tempestuosos de fé e esperança, desejos e votos, perigos e dificuldades, recuos e desafios, tanto internos como externos.

Quando o pensamento estiver maturado, a semente germinada, a planta lançado raízes na terra da realidade, separada da emoção temporária e podada dos galhos indesejáveis, o Movimento de Resistência Islâmico terá irrompido a fim de desempenhar o seu papel no caminho do seu Senhor. E assim fazendo, terá juntado suas mãos a todos os lutadores da Jihad (Guerra Santa) (7) com a finalidade de libertação da Palestina. As almas dos combatentes da Jihad (Guerra Santa) se encontrarão com as almas de todos os combatentes da Jihad (Guerra Santa) que sacrificaram suas vidas nas terras da Palestina, desde que foi conquistada (8) pelos Companheiros do Profeta, que as bênçãos e a paz de Alá recaiam sobre eles, e até que chegue esse dia. Este é o ESTATUTO da Resistência Islâmica (Hamas) que vem revelar sua face, vem tirar o véu de sua identidade, firmar sua posição, esclarecer seus propósitos, discutir suas esperanças, clamar pelo apoio e reforço à sua causa, e para que se juntem às suas fileiras. Porque nossa luta contra os judeus é extremamente ampla e grave, tanto que necessitará de todo e leal apoio que possamos conseguir, para que se possa dar os próximos passos e sermos continuamente reforçados por sucessivos batalhões do multifacetado mundo Árabe e Islâmico, até que os inimigos sejam derrotados e a vitória de Alá se imponha. E perceberemos com antecedência a aproximação deles no horizonte:

“Alá decretou: Avante! Para a conquista, Eu e Meu Mensageiro, avante! Alá é poderoso.” [Sura 58 (Al-Mujadilah), versículo 21](10).

E digam: Esse é o meu caminho: clamo por Alá com perfeito conhecimento, eu e todos os que me seguem. Glória a Alá! Pois não faço parte dos idólatras” [Sura 12 (Yussuf), versículo 17 (108 em Pickthall)].


PARTE I

CONHECENDO O MOVIMENTO

Aspectos Ideológicos

Artigo 1° O Movimento de Resistência Islâmico tem suas linhas mestras extraídas do Islã; dele derivam seu pensamento, interpretações e pontos de vista acerca da existência, da vida e da humanidade; nele orienta sua conduta e nele se inspira em qualquer passo que toma.

A ligação entre o Hamas e a Associação da Fraternidade Muçulmana

Artigo 2° O Movimento de Resistência Islâmico é um dos ramos da Fraternidade Muçulmana na Palestina. O Movimento da Fraternidade Muçulmana é uma organização mundial, o maior movimento islâmico da era moderna. Ele se caracteriza por um profundo entendimento, por noções precisas e por completa compreensão de todos os conceitos do Islã em todos os domínios da vida: observações e crenças, economia e política, educação e sociedade, jurisprudência e governo, doutrina e ensino, artes e comunicações, o oculto e o aparente, e todos os outros aspectos da vida.


Estrutura e Essência

Artigo 3° A estrutura básica do Movimento de Resistência Islâmico consiste de muçulmanos devotados a Alá e que O reverenciam verdadeiramente (como está escrito): "Eu criei o homem e o diabo com a finalidade de sua reverência (a Alá)." Esses muçulmanos se acham conscientes de seus deveres para com eles mesmos, suas famílias e o país e confiam em Alá para isso. Eles levantaram a bandeira da Jihad (Guerra Santa) diante dos opressores, a fim de livrar o país e o povo (dos opressores) da heresia, imoralidade e da injúria.

“Não somente arremessaremos a verdade contra a falsidade e isso romperá as cabeças dessa falsidade que, então, desaparecerá” [Sura 21 (os Profetas), versículo 18].

Artigo 4° O Movimento está aberto a todos os muçulmanos que compartilhem suas crenças e pensamentos, e que aceitem o seu modo de agir, mantenham seus segredos e aspirem juntarem-se às suas fileiras a fim de cumprirem seu dever. Alá os recompensará.


O Espaço e o Tempo do Hamas

Artigo 5° Como o Movimento adota o Islamismo como seu estilo de vida, sua dimensão temporal remonta ao nascimento da Mensagem Islâmica e dos justos, seus antepassados. Sua finalidade é o Islã, o Profeta é o seu Modelo e o Corão a sua Constituição. Sua dimensão espacial se estende por todo o mundo onde existam muçulmanos e que adotam o Islamismo como seu estilo de vida; assim, ele penetra nos mais profundos rincões da terra e nas mais altas esferas do céu.

"Vedes como Alá cunha as similitudes: uma boa palavra, assim como uma boa árvore, tem raízes firmes, seus galhos alcançam o céu, dando seus frutos com a permissão do seu Senhor? Alá promove similitudes para a humanidade a fim de que ela possa refletir." [Sura 14 (Abraham), versículos 24-25]


Peculiaridade e Independência
 

Artigo 6° O Movimento de Resistência Islâmico é um Movimento Palestino próprio, que devota sua lealdade a Alá, cujo estilo de vida deriva do Islamismo e que se dedica a levantar a bandeira de Alá sobre cada palmo da Palestina. Somente sob a sombra do Islamismo podem seus membros, de todas as regiões, coexistir seguros, ter segurança para suas vidas, propriedades e direitos.(11) Na ausência do Islã, os conflitos aparecem, a opressão reina, a corrupção cresce e as lutas e guerras despontam. Alá inspirou o poeta muçulmano, Muhammad Iqbal (12), quando disse:

Quando a fé se desvanece, não há segurança.
Não existe mundo para aqueles que não têm fé.
Os que desejam viver sem religião
Fazem o mesmo que aniquilar a vida.

A Universalidade do Hamas
 

Artigo 7° Em virtude da dispersão, por todo o globo, dos muçulmanos que seguem a causa do Hamas, e que lutam por sua vitória, pelo reforço de suas posições e pelo incentivo da Jihad (Guerra Santa), o Movimento é universal. Está apto a sê-lo devido à clareza de seus pensamentos, à nobreza de seus fins e à grandeza de seus objetivos.

Sob essa luz deve o Movimento ser visto, avaliado e conhecido. Quem denegrir seu valor, impedir de o apoiar é tão cego a ponto de se afastar de seu papel e está desafiando o próprio destino. Quem fecha os olhos para não enxergar os fatos, intencionalmente ou não, será ultrapassado pelos acontecimentos e não encontrará desculpa para seu posicionamento. As melhores posições estão reservadas para os que chegarem primeiro.

A opressão daqueles que lhes são próximos é uma agonia para a alma maior do que a dor quando se é atingido por uma espada indiana.

"E para vós revelamos a Escritura com a verdade, confirmando qualquer escritura anterior, mas sobrepondo-se a elas. Assim, julgueis entre elas pelo que Alá vos revelou, e não segui o desejo delas longe da verdade que veio até vós. Para cada um apontamos a lei divina e traçamos o caminho a seguir. Fosse desejo de Alá, Ele vos teria feito uma só comunidade. Mas Ele pode testar-vos pelo que vos deu (Ele vos fez como sois). Lutai uns com os outros em boas causas. Sob Alá, todos vós retornareis. Ele vos dirá em que sois diferentes." [Sura V (a Mesa Posta ) versículo 48]

O Hamas é um dos elos da corrente da Jihad (Guerra Santa) em confronto com a invasão sionista. Está ligado ao proclamado pelo Mártir Izz a-din al-Kassam (13) e seus irmãos na Fraternidade Muçulmana, que lutaram na Guerra Santa de 1936; depois se ligou novamente com a Jihad (Guerra Santa) Palestina e a Jihad (Guerra Santa) tentada pela Fraternidade Muçulmana durante a guerra de 1948, (14) e às operações da Jihad (Guerra Santa) da Fraternidade Muçulmana em 1968 (15) e daí em diante.

Mas, mesmo que esses elos estejam distantes uns dos outros, e mesmo que haja obstáculos levantados por aqueles que giram em torno da órbita sionista, tendentes a obstruir a estrada dos combatentes da Jihad (Guerra Santa), será impossível vencer a persistência da Jihad (Guerra Santa); pelo contrário, o Hamas está sempre olhando para frente a fim de implementar a promessa de Alá, leve o tempo que for preciso. O Profeta, que as bênçãos e a paz estejam com ele, disse:

O tempo (16) não passará até que os Muçulmanos tenham derrotado os judeus (e os matado); mesmo que os judeus se escondam atrás das rochas e árvores, estas gritarão: Oh! Muçulmanos! Há um judeu atrás de mim, venha e mate-o! Isso não se aplica ao Gharkad, (17) que é uma árvore judaica (citada por Bukhari e Muslim). (18)


O Lema do Hamas

Artigo 8° - Alá é o objetivo, o Profeta seu modelo, o Corão sua Constituição, Jihad (Guerra Santa) seu caminho e a morte pela causa de Alá é a mais sublime crença. (N.T. a indicação do suicídio pela causa)


PARTE II
OBJETIVOS

Artigo 9° O Hamas se encontra num período de tempo em que o Islã se tem afastado da realidade da vida. Por essa razão, as verificações e balanços foram abandonados, os conceitos se tornaram confusos, e os valores têm sido transformados; o mal se impôs, a opressão e o obscurantismo têm reinado; covardes se tornaram tigres, pátrias são usurpadas, povos são expulsos e estão errando pelo globo. O estado da verdade desapareceu e foi substituído pelo estado da maldade. Nada ficou no seu devido lugar, pois desde quando o Islã é retirado de cena, tudo muda. Esses são os motivos.

No que toca aos objetivos: expulsar o mal (o sionismo), despedaçá-lo e derrotá-lo, de forma que a verdade volte a prevalecer, as pátrias retornem (aos seus donos), as orações se façam ouvir das mesquitas, anunciando a restituição do estado muçulmano. Assim, o povo e as coisas voltarão aos seus verdadeiros lugares. Alá é o único que pode manter o que vemos,

“....E se Alá não tivesse substituído alguns homens por outros, a terra se tornaria corrompida. Mas Alá é o Senhor da bondade para com as (Suas) criaturas.” [Sura II (a Vaca) versículo 251]

Artigo 10 - O Movimento de Resistência Islâmico, enquanto busca seu próprio caminho, empenhar-se-á ao máximo para ser um amparo aos fracos e a defesa dos oprimidos. Não medirá esforços para implantar a verdade e acabar com o mal, tanto pela palavra como pela ação, tanto aqui ou em qualquer lugar em que ele possa aparecer e exercer sua influência.


PARTE III


ESTRATÉGIA E MÉTODOS

A Estratégia do Hamas: a Palestina é um Waqf (legado) Islâmico (19)

Artigo 11 O Movimento de Resistência Islâmico crê que a terra da Palestina tem sido um legado público perpétuo (Wakf) islâmico através de gerações e, até o dia da Ressurreição, ninguém pode renunciar a ela ou a uma sua parte, ou abandoná-la no todo ou em parte. Nenhum país árabe, nem todos os países árabes em conjunto, nenhum Rei ou Presidente árabe, nem todos eles reunidos, têm esse direito, nem têm esse direito qualquer organização ou todas as organizações juntas, sejam elas palestinas ou árabes, porque a Palestina é um legado público perpétuo (Wakf) islâmico por todas as gerações e até o Dia da Ressurreição. Quem pode se arvorar a falar em nome de todas as gerações até o Dia da Ressurreição? Esse é o status (da terra) na Shari'a (lei) Islâmica, (20) e é igual para todos os países conquistados pelo Islã à força, e que assim se tornam legado islâmico perpétuo após a conquista, por todas as gerações dos muçulmanos até o Dia da Ressurreição. Esta (norma) tem vigorado desde que os comandantes dos exércitos completaram as conquistas da Síria e do Iraque, e indagaram ao Califa dos Muçulmanos, Umar (Omar) Ibn al-Khattab, (21) sua opinião sobre a terra conquistada, se deveria ser repartida entre as tropas ou deixada em poder de sua população ou que se procedesse de outra forma. Após debates e consultas entre o Califa do Islã, Umar (Omar) Ibn al-Khattab, e os Companheiros do Mensageiro de Alá, que as bênçãos e a paz estejam com ele, decidiram que a terra deveria permanecer em mãos dos seus donos para que dela se beneficiassem e usassem de seus recursos; mas o controle (22) da terra e a terra em si, por dever, seria legado público islâmico (Wakf) (perpetuamente) para todas as gerações de muçulmanos até o Dia da Ressurreição. A posse da terra pelos seus donos é somente um usufruto, e essa propriedade (Wakf) durará tanto quanto o céu e a terra. Quaisquer entendimentos visando violar essa lei do Islã, com relação à Palestina, são desprovidos de fundamento e as conseqüências se refletirão sobre seus perpetradores.

“Oh! Está é a verdade correta. Por isso, Maomé, louvai o nome do seu Senhor, o Extraordinário.” [Sura LVI (o Evento) versículo 95](23)


Hamas na Palestina: Posicionamento sobre Nacionalidade e Nacionalismo (24)

Artigo 12 Hamas considera o Nacionalismo (Wataniyya) como parte e parcela da fé religiosa. Nada é mais elevado ou profundo no nacionalismo do que empreender a Jihad (Guerra Santa) contra o inimigo e confrontá-lo quando ele finca pé na terra dos muçulmanos. E tal se torna um dever de cada um (25), obrigação de cada homem ou mulher muçulmanos; a mulher deve sair a combater o inimigo, mesmo sem autorização de seu marido, e o escravo sem a autorização do seu senhor. Tal (princípio) não existe em qualquer outro regime, e sua verdade não pode ser questionada. Enquanto outros nacionalismos levam em conta considerações materiais, humanas e territoriais, a nacionalidade para o Hamas também inclui, em adição a todas essas, todos os importantes fatores divinos o que lhe concede o espírito e a vida; tanto assim que eles estabelecem o elo com a origem do espírito e a fonte da vida e levanta nos céus da pátria a bandeira do Senhor, assim ligando, inexoravelmente, o céu e a terra.

Quando Moisés chegou e bateu com seu bastão, milagre e milagreiros tornaram-se fúteis.

“... O caminho certo é, doravante, distinto do errado... E aquele que rejeita falsas divindades e crê em Alá, agarrou-se a um apoio muito seguro, que não se quebrará. Alá tudo Ouve e tudo Sabe.” [Sura II (a Vaca) versículo 256] (26)


Soluções Pacificadoras, Iniciativas (de paz) e Conferências Internacionais

Artigo 13 As iniciativas (de paz), as assim chamadas soluções pacíficas, e as conferências internacionais para resolver o problema palestino, são todas contrárias às crenças do Movimento de Resistência Islâmico. Renunciar a qualquer parte da Palestina significa renunciar a uma parte da religião; o nacionalismo do Movimento de Resistência Islâmico é parte de sua fé, o movimento educa seus membros a aderirem aos seus princípios e a levantarem a bandeira de Alá sobre a pátria quando lutam a sua Jihad (Guerra Santa): "Alá é Todo-Poderoso, mas muitas pessoas não se acham conscientes disso."

De tempos em tempos um clamor é ouvido no sentido de se fazer uma Conferência Internacional em busca de uma solução para o problema. Alguns aceitam a idéia, outros a rejeitam, exigindo a implementação desta ou daquela condição, como pré-requisito para aceitar um acordo ou só para participar da Conferência. Mas o Movimento de Resistência Islâmico está consciente (da perspectiva) das partes nessa conferência, de seu passado e presente para com os problemas dos muçulmanos, e não acredita que tais conferências possam responder às demandas, ou restaurar os direitos ou impor a justiça aos opressores. Tais conferências não representam mais do que meios para colocar incrédulos como árbitros nas terras do Islã. Desde quando incrédulos fazem justiça aos crentes?

"E os judeus não vos concederão graças, nem os cristãos, até que vós seguis o seu credo. Dizei: Não! A orientação é de Alá (Ele) é o Guia. E se vós seguirdes o desejo deles, após saberem quem veio ante vós, então não tereis ninguém a vos proteger nem a vos socorrer." [Surah II – (Al-Bakarah), versículo 120].

Não há solução para o problema palestino a não ser pela Jihad (Guerra Santa). As iniciativas, propostas, conferências, não são senão perda de tempo, (27) um exercício de futilidades. O povo palestino é muito nobre para ter seu futuro, seu direito e seu destino submetido a um jogo vão. É como um ditado que diz:

"O povo da Síria é o capataz de Alá na sua terra; ELE se vinga, por Seu intermédio, escolhidos entre Seus devotos sobre quem queira. Os hipócritas estão proibidos de vencer os verdadeiros crentes, e morrerão em ansiedade e lamentação." (dito por Tabarani, que está em linha ascendente, por tradição, com Maomé, e por Ahmed, cuja cadeia se acha incompleta. Mas é considerado como verdadeiro hadith (tradição ), pois ambos os relatores são confiáveis. Alá sabe melhor). (28)


Os Três Círculos

Artigo 14 - O problema da libertação da Palestina se relaciona a três círculos: o Palestino, o Árabe e o Islâmico. Cada um desses círculos tem um papel a desempenhar na luta contra o Sionismo e deveres a cumprir. Seria um grande engano e um ato de abismal ignorância, descartar qualquer um desses círculos. Pois a Palestina é uma terra islâmica onde se acha a Primeira Kibla (29) (direção em que o fiel volta a face para a reza) e onde se encontra o terceiro lugar mais sagrado. (30) (Meca, Medina e Jerusalém). Lá também é o lugar de onde o Profeta, que as bênçãos de Alá e a paz recaiam sobre ele, ascendeu aos céus. (31)

"Sem limites é Sua Glória, pois Ele conduziu na noite Seu servo da Casa Inviolável da Devoção (32) (em Meca) até a Casa Remota da Devoção (33) (em Jerusalém), lugares nos quais fomos abençoados - assim poderemos mostrar-Lhe nossos sinais: pois, verdadeiramente, somente Ele tudo ouve e tudo vê." [Surah XVII – (al-Isra) versículo 1]. (34)

Em conseqüência desse estado de coisas, a libertação daquela terra é um dever individual, indissoluvelmente ligado a cada muçulmano, onde quer que se encontre. Essa é a base sobre a qual deve ser visto o problema por todos os muçulmanos; isso deve ser compreendido por todos os muçulmanos. Quando o problema é tratado nessa base, onde todo o potencial dos três círculos é mobilizado, então as circunstâncias atuais serão diferentes e o dia da libertação virá mais cedo.

"Vós encontrais em tamanho perigo que o pânico é maior de vós mesmos do que de Alá. Isto porque sois uma gente que não entende nada." [Surah LIX, (Al-Hashr, o Exílio), o versículo 13]

A Jihad (Guerra Santa) para a Libertação da Palestina como Obrigação Individual (36)

Artigo 15 Quando nossos inimigos usurpam alguma terra islâmica, a Jihad (Guerra Santa) se torna um dever obrigatório de todos os muçulmanos. A fim de fazer frente à usurpação da Palestina pelos judeus, não temos alternativa senão levantar a bandeira da Jihad (Guerra Santa). Tal fato irá requerer a propagação da consciência islâmica nas massas em todos os lugares, em níveis árabe e islâmico. Devemos espalhar o espírito da Jihad (Guerra Santa) pela Umma, (48) bater-nos com os inimigos e ingressarmos nas fileiras dos combatentes da Jihad (Guerra Santa).

Os 'ulama (sábios da religião) bem como os educadores e professores, publicitários e gente da comunicação, bem como as massas dos intelectuais, e em especial a juventude e os veteranos dos Movimentos Islâmicos, devem participar nesse despertar da consciência. Não há como fugir da necessidade de introdução de mudanças fundamentais no currículo escolar a fim de fazer uma limpeza em todos os vestígios de uma invasão ideológica trazida por orientalistas e missionários. Essa invasão começou a ocorrer logo após a derrota dos exércitos Cruzados por Salah a-Din el Ayyubi. (37) Os Cruzados se certificaram de que não poderiam derrotar os muçulmanos, ao menos que preparassem as bases para tal conquista com uma invasão ideológica, que levasse a confundir as idéias dos muçulmanos, desgraçar sua herança, desacreditar seus ideais, e que seria seguida da invasão militar. Tal já estava preparado para a invasão imperialista, como de fato o fez saber (General) Allenby (38) quando de sua entrada em Jerusalém: "Agora, as Cruzadas acabaram!". O General Gouraud (39) parou diante do túmulo de Salah a-Din e disse: "Estamos de volta, Oh! Salah a-Din!" O Imperialismo tem sido um instrumental para impulsionar a invasão ideológica e aprofundar suas raízes, e ainda persegue esse objetivo. Tudo isso pavimentou o caminho para a perda da Palestina. Temos de inculcar nas mentes das gerações dos muçulmanos que o problema da Palestina é só religioso, a ser tratado com base nessa premissa. Ele inclui os lugares sagrados islâmicos, como a mesquita de Aksa, que se acha inexoravelmente ligada à Mesquita Santa (40) enquanto existirem o céu a terra, à ascensão do Mensageiro de Alá, (41) que a paz e a bênção de Alá recaiam e se façam para ele, para ela e para sua ascensão dela ocorrida. (42)

"Dedicar-se um dia no caminho de Alá é melhor do que o mundo inteiro, com tudo que nele existe. O lugar no Paraíso , de um açoitado dentre vós, é melhor do que o mundo todo com tudo que nele existe. O ir e vir dos devotos (a Deus) no caminho de Alá é melhor do que o mundo inteiro com tudo que nele existe. (dito por Bukhari, Muslim Tirmidhi e Ibn Maja). (43)

Juro por aqueles que detêm em suas mãos a Alma de Maomé! Prefiro ir à guerra em nome de Alá! Atacarei e matarei, atacarei e matarei, atacarei e matarei (dito por Bukhari e Muslim) (44)

Artigo 16 Devemos dar às (novas) gerações islâmicas, em nossa área, uma educação islâmica baseada na implementação dos preceitos religiosos, no estudo consciencioso do Livro de Alá, no estudo da Tradição dos Profetas(45), no estudo da história islâmica e na sua herança, mas de fontes confiáveis, sob a orientação de especialistas e cientistas,(46) e fazendo único os caminhos que constituem para os muçulmanos os conceitos do pensamento e da fé. Também se faz necessário estudar conscienciosamente o inimigo e seu potencial material e humano; detectar seus pontos fracos e fortes, e reconhecer as potências que o apóiam e garantem. Ao mesmo tempo devemos estar a par dos acontecimentos, acompanhar as notícias e estudar as análises e comentários sobre elas, enquanto se traçam os planos para o presente e para o futuro, e, também, examinar cada fenômeno, de forma que cada muçulmano, lutando a Jihad (Guerra Santa), possa viver sua época ciente dos seus objetivos, seus fins, seus caminhos e as coisas que acontecem em volta.

"Oh! Meus queridos filhos! Mesmo que não pese mais do que um grão de mostarda, mesmo que esteja (oculto) na rocha, nos céus ou na terra, Alá o trará à luz. Alá é absoluto (em Sua sabedoria) e onisciente. Oh! Meus filhos, sejais constantes nas vossas orações, e vos aprazeis em fazer o que é direito e em proibir o que é errado, suportai com paciência o que venha recair (de mau) sobre vós: isto percebido é o coração de todas as coisas. Não volteis vossa face em desprezo das gentes, nem caminheis com empáfia. Deus não ama quem age de maneira arrogante e ostentadora. [Surah XXXI – (Luqmãn), versículos 16/18]

O Papel da Mulher Muçulmana

Artigo 17 - A mulheres muçulmanas não têm menor papel do que os homens na guerra de libertação; elas moldam o homem e têm uma grande função na orientação e educação da (nova) geração. Os inimigos entenderam esse papel, por isso decidiram que ganhariam a guerra se puderem guiar e educar (as mulheres) num caminho que as distanciasse do Islamismo. Por isso é que se pode vê-los investindo grandes esforços (nessa direção) por meio de publicidade e filmes, currículos de educação e cultura, empregando como seus intermediários os profissionais que fazem parte de várias Organizações Sionistas, e que apresentam todo tipo de denominações e formas, tais como: Maçons Livres, Rotary Clubes, gangues de espiões e assim por diante. Todas elas são ninhos de sabotadores e de sabotagem. Essas Organizações Sionistas controlam vastos recursos materiais, que lhes permitem desempenhar sua missão no meio de todas as sociedades, com vistas à implementação dos fins sionistas e semeando os maus conceitos que possam ser utilizados sobre o inimigo. Tais organizações operam (numa situação) onde o Islã se acha ausente da arena e alienado de seu povo. Assim, os muçulmanos devem cumprir seu dever confrontando os esquemas desses sabotadores. Quando o Islã retomar a posse (os meios para) da condução da vida (dos muçulmanos) fará uma boa limpeza dessas organizações que são inimigas da humanidade e do Islã.

Artigo 18 As mulheres, no lar e na família dos combatentes da Jihad (Guerra Santa), sejam mães ou irmãs, carregam o mais importante dever de cuidar do lar e do crescimento dos filhos segundo os conceitos morais e valores que derivam do Islã; e a educar seus filhos para observarem os preceitos religiosos, preparando-se para o dever da Jihad (Guerra Santa) que as aguarda. Por isso devemos dar atenção às escolas e ao currículo em que as meninas muçulmanas são educadas, a fim de torná-las mães decentes, conscientes de seus deveres para com a guerra da libertação. Por isso devem ter plena capacidade para conhecer os problemas e segurar as rédeas da administração de suas casas. Economizar e evitar o desperdício na administração da casa são pré-requisitos da nossa condição para perseguir nossa causa em circunstâncias difíceis que nos venham a ocorrer. Por isso devemos, permanentemente, lembrá-las de que dinheiro economizado equivale a sangue, que deve ser injetado nas veias a fim de garantir a continuidade da vida de nossos jovens e velhos.

"Verdadeiramente, para todos os homens despojados diante de Alá, e para todas as mulheres despojadas, e todos os homens que crêem e todas as mulheres que crêem, e todos os homens devotos e todas as mulheres devotas, e todos os homens que falam a verdade e todas as mulheres que falam a verdade, e todos os homens que são pacientes na adversidade e todas as mulheres que são pacientes na adversidade, e todos os homens que são humildes (diante de Deus) e todas as mulheres que são humildes, e todos os homens que praticam a caridade e todas as mulheres que praticam a caridade, e todos os homens que se abstêm e todas as mulheres que se abstêm, e todos os homens que guardam a castidade, e todas as mulheres que guardam a castidade, e todos os homens que lembram permanentemente de Alá e todas as mulheres que lembram permanentemente de Alá: para (todos eles) Alá concedeu o perdão pelos pecados e uma vasta recompensa."[Surah XXXIII – (Al-Ahzab), versículo 35]

O Papel da Arte Islâmica na Guerra da Libertação

Artigo 19 Na arte existem regras e critérios por meio das quais ela será islâmica ou laica (jahiliyya).(47) O problema da liberação islâmica indica a necessidade de uma arte islâmica que promova a elevação do espírito e, ao invés de fazer um aspecto triunfar sobre o outro, eleva todas as partes com harmonia e equilíbrio.

O homem é um ser estranho e miraculoso, moldado de um punhado de argila e do sopro da alma; a arte islâmica deve orientar o homem nessa base, enquanto a arte laica (jahiliyya) conduz o corpo e destaca a supremacia dos elementos da argila. Portanto, livros, artigos, publicações, exortações religiosas, epístolas, canções, poemas, hinos, peças, e tudo o mais, se trazem as características da arte islâmica, contêm os requisitos da mobilização ideológica, nutrindo continuamente o prosseguimento da marcha e aliviando a alma. A estrada é longa e o sofrimento é grande e o espírito fica esgotado; é justamente a arte islâmica que dá novo alento à atividade, reanima o movimento fazendo surgir os conceitos elevados e a anunciar os planos. A alma não pode prosperar se não souber improvisar, se não puder se transportar de uma situação a outra. Tudo isto é assunto sério, não é brincadeira. Para que a umma (48) participe da Jihad (Guerra Santa) não pode saber de brincadeiras.


Solidariedade Social

Artigo 20 - A sociedade islâmica é solidária. O Mensageiro de Alá, que as bênçãos de Alá e a paz estejam com ele, disse:

"Que maravilhosa tribo eram os Ash'aris! Quando se viam sobrecarregados pelos impostos, seja no seu domicílio ou durante suas andanças, reuniam todas as suas posses e as dividiam igualmente entre eles."

Esse é o espírito islâmico que deve imperar em toda sociedade muçulmana. Uma sociedade que combate os vícios como a um inimigo nazista, que não faz distinção entre homem e mulher, jovem e velho, deve ser a primeira a cobrir-se com esse espírito islâmico. Nossos inimigos usam o estilo da punição coletiva usurpando os países (49) e as propriedades do povo, perseguindo-o nos seus locais de exílio e nas suas concentrações. Ele costuma destruir as pessoas, atirar em mulheres, crianças e velhos, com ou sem razão, e instituir campos de detenção onde milhares e milhares são internados em condições desumanas. Ademais, ele destrói casas, torna as crianças órfãs, submete jovens a julgamentos ditatoriais, fazendo-os perderem os melhores anos de sua juventude em prisões escuras. O Nazismo dos judeus não deixa de lado mulheres e crianças, é violento com todos. Eles fazem guerra contra o trabalho das pessoas, apropriam-se de seu dinheiro e ameaçam sua honra. Nas suas horríveis ações, eles maltratam as pessoas como se fossem os mais horrendos criminosos de guerra. Exilar as pessoas de sua terra é um outro meio de aniquilá-las. Quando enfrentamos tal desvio de conduta, não temos outra alternativa senão formar uma solidariedade social entre as pessoas, para enfrentar o inimigo como um corpo sólido, de forma que, quando um órgão é atingido, o restante do corpo responderá com altivez e fervor.

Artigo 21 A solidariedade social consiste em estender ajuda a todos os necessitados, tanto material como moral, ou assistindo-os na execução de certas tarefas. Incumbe aos membros do Hamas olhar para os interesses das massas da mesma forma como olham seus próprios interesses. Não se devem medir esforços para com a implementação e manutenção desses interesses, e se devem evitar o uso de qualquer coisa que possa afetar as futuras gerações ou causar danos à sua sociedade. Para as massas devem ser suas ações e todos os esforços visam a elas e ao futuro delas. Os membros do Hamas devem dividir com o povo suas alegrias e lamentos, adotar as exigências do povo e fazer tudo para satisfazer aos seus interesses e aos do povo. Quando reina tal espírito, a comunidade se aprofunda, a cooperação e a compaixão sobressaem, a unidade se firma e as fileiras sairão fortalecidas no confronto com o inimigo.


As Potências que Apóiam o Inimigo

Artigo 22 – O inimigo vem tramando há muito tempo e vem consolidando o que já alcançou com suas maquinações. Tira vantagem com o desenrolar dos acontecimentos, e acumula uma vasta e influente riqueza material, pondo-a serviço para a consecução do seu sonho. Essa riqueza (permitiu-lhe) assumir o controle da mídia mundial, tais como as agências de notícias, a imprensa, as editoras, as emissoras e assemelhados. (Também se utiliza dessa) riqueza para fomentar revoluções em várias partes do globo a fim de levar a cabo os seus interesses e colher os frutos. Estive por detrás das Revoluções Francesa e Comunista, e estive por detrás da maioria das revoluções que ouvimos aconteceram aqui e ali. Também usou o dinheiro para criar organizações que estão se espalhando pelo mundo, a fim de destruir a sociedade e levar a cabo os interesses sionistas. Essas organizações compreendem: os Maçons Livres, Rotary Clubes, Lions Clubes, B’nai Brith e assim por diante. Todas elas são entidades de espionagem com o fim de promover a destruição. Também emprega o dinheiro para assumir o controle de Estados Imperialistas e fazer com que colonizem muitos outros países, a fim de explorar as riquezas desses países e neles introduzir a corrupção.

No tocante às guerras, locais e mundiais, é sabido e ninguém se opõe a esse fato, que nossos inimigos se achavam por detrás da Primeira Guerra Mundial a fim de fazer desaparecer o Califado Islâmico. (50). Recolheram os ganhos materiais e assumiram o controle de muitas fontes de riqueza. Conseguiram a Declaração Balfour (51) e criaram a Liga das Nações para poder governar o mundo por meio dessa organização. Também se encontravam por detrás da Segunda Guerra Mundial, extraindo imensos lucros de armas e outros materiais de guerra, e preparam as bases para a criação do seu Estado. Foram os inspiradores da criação da Organização das Nações Unidas e de seu Conselho de Segurança, em substituição à Liga das Nações, para poder governar o mundo por seu intermédio. Não houve nenhuma guerra que tenha estourado sem o dedo deles:

“....Quanto mais acenderem o pavio da guerra, Alá o apagará. Empenham-se em levar a corrupção a todas as terras, mas Alá não gosta dos corruptos.” [Sura V (al-Ma’ida – a Mesa Posta) versículo 64] (52)

As forças do imperialismo, tanto no Ocidente capitalista como no Leste comunista apóiam o inimigo com todo o seu poderio, tanto em termos materiais como humanos, alternando-se entre si. Quando o Islã aparece, todas as forças dos infiéis se unem para enfrentá-lo, porque a comunidade dos infiéis é uma só.

“Oh! Vós que credes. Não vos relacioneis com outros que não sejam do vosso próprio grupo, pois eles não pouparão esforços para arruinar-vos. O ódio se revela (pela expressão) pelas suas bocas, mas o ódio que se oculta nos seus seios é maior ainda. A vós o revelamos se quiserdes entender.... [Sura III (al-Imran) versículo 118]

Não é por acaso que o versículo se encerra com o dito de Deus: “Se quiserdes entender.”


PARTE IV

Nosso Posicionamento Frente aos demais Movimentos Islâmicos

Artigo 23 – O Hamas vê os outros Movimentos Islâmicos com respeito e apreço. Mesmo quando diverge num aspecto ou noutro ou num conceito ou noutro, tem pontos de concordância noutros aspectos e conceitos. Considera tais movimentos inseridos no contexto de se empenharem (no caminho de Alá) e enquanto mantiverem suas intenções na devoção a Alá, e enquanto suas condutas se mantiverem dentro do perímetro do círculo islâmico. Todos os combatentes da Jihad (Guerra Santa) serão recompensados.

O Hamas vê tais movimentos como uma reserva e pede a Alá que os guie e zele pela integridade da conduta de todos. Não se pode deixar de levantar a bandeira da unidade e de empregar todos os esforços a fim de levá-la a cabo (baseada) segundo o Livro (Sagrado) e a Tradição (do Profeta).

“E mantende-vos firmes, todos juntos, sob a condução de Alá, e não vos separeis. E lembrai-vos de que Alá intercedeu por vós quando se comportaram como inimigos e fez a amizade brotar em vossos corações de forma a vos tornardes irmãos pela Sua graça e quando estivestes na beira do abismo do fogo e Ele vos salvou. Assim, Alá tornou perfeitamente clara para vós a Sua revelação e pela qual, felizmente, podereis ser guiados.” [Sura III – (al-Imram) versículo 102] (54)

Artigo 24 - O Hamas não permitirá a calúnia ou a difamação de indivíduos ou grupos, pois os crentes não são caluniadores nem maledicentes. (55) Entretanto, devido à necessidade de diferenciar entre esses fatos e posições e modos de conduta adotados por indivíduos ou grupos, quando o Hamas detecta posições e modos de conduta impróprios, tem o direito de indicar o erro, condená-lo, agir de forma a corrigi-lo com a verdade e a adota-la de modo correto dentro do contexto de um determinado problema. A sabedoria está sempre rondando o ambiente e o crente tem a obrigação moral de agarrá-la onde puder encontrá-la.

“Alá não gosta de pronunciamentos severos, salvo quando alguém deve ser admoestado. Alá tudo Ouve e tudo Sabe. Caso fazeis o bem abertamente, ou o guardais em segredo ou deixais passar o mal, Alá perdoará com todo Seu poder.” [Sura IV (Mulheres), versículos 147/148] (56)


Os Movimentos Nacionais (wataniyya) Palestinos

Artigo 25 – O Hamas tem respeito recíproco por todos eles, aprecia suas condições e todos os fatores que os envolvem e influenciam, e os apóia firmemente enquanto não submeterem sua lealdade ao Leste Comunista e à Cruzada do Ocidente. Reiteramos a cada membro desses movimentos, ou que simpatiza com eles, que o Hamas é um movimento de Jihad (Guera Santa), ou da moralidade e consciência do conceito de vida. Segue em frente com os demais, detesta oportunismos, e somente deseja o bem aos indivíduos e grupos. Não aspira vantagens materiais, ou fama pessoal, nem pede dinheiro ao povo. Continua confiando em seus próprios recursos, e naqueles postos à sua disposição, (conforme está dito) ‘’concedei-lhes o poder que podeis dispor de vós”. (Tudo) a fim de cumprirem seus deveres e alcançarem as graças de Alá; o Hamas não dispõe de outras ambições.

Todas as correntes nacionalistas operando na arena palestina, com a finalidade de libertação da Palestina, podem ficar seguras de que, definitivamente e resolutamente, receberão apoio e assistência, tanto com palavras como em ações, no presente e no futuro, (porque o Hamas aspira) unir e não dividir; salvaguardar e não desperdiçar; reunir e não fragmentar. Dá valor a cada palavra, a cada esforço de devoção e a cada empenho meritório. Fecha as portas diante de querelas marginais, não guarda rumores e declarações tendenciosas e defende o direito de autodefesa.

Tudo o que vai de encontro ou contradiz essa orientação é forjado pelos inimigos ou por aqueles que gravitam em suas órbitas, a fim de criar confusão, dividir nossas fileiras ou desvia-las para ações marginais.

“Oh! Todos vós que credes! Se um mau habitante vos trazei notícias (57), verificai-as, não permitindo que as pessoas sucumbam na ignorância e depois vos arrependeis do que fizestes.” [Sura XLIX (al Hujurat, a Casa Particular), versículo 6].

Artigo 26 – Enquanto o Hamas considera positivamente os Movimentos Nacionais Palestinos que não vinculam sua lealdade nem ao Leste nem ao Ocidente, não se abstém de debater os acontecimentos referentes ao problema palestino, tanto no cenário local como internacional. Tais debates compreendem a realidade e servem para esclarecer a extensão pela qual (esses desenvolvimentos) apóiam ou contradizem o ponto de vista favorável ao Islã.

A Organização para a Libertação da Palestina

Artigo 27 – A OLP é uma das entidades que mais se aproxima do Hamas, pois se constitui um pai, um irmão, um parente, um amigo. Poderia um muçulmano se afastar de seu pai, seu irmão, seus parentes ou seu amigo? Nossa pátria é uma só, nossa calamidade é uma só, nosso destino é um só e nosso inimigo é comum a nós dois. Sob a influência das circunstâncias que envolveram a criação da OLP, e a confusão ideológica que imperava no mundo árabe, como resultado da invasão ideológica que varreu o mundo árabe desde a rota dos Cruzados, reforçadas com Missões de Orientalismos e Missões Cristãs, a OLP adotou a idéia de Estado Secular, e assim pensa nesse Estado. O pensamento secular é diametralmente oposto ao pensamento islâmico. O pensamento é base para a tomada de posições, para os modos de conduta e para a adoção de resoluções. Por isso, a despeito de nosso apreço pela OLP, sendo possível que venha a se transformar no futuro, e apesar de não podermos denegrir o seu papel no conflito árabe-israelense, não podemos substituir a natureza islâmica da Palestina, adotando um pensamento secular. Pois a natureza islâmica da Palestina é parte da nossa religião e quem rejeita a sua religião está fadado a sair perdedor.

“E quem renuncia à religião de Abraão, engana a si mesmo!” [Sura II (al-Bakra – a Vaca) versículo 130]

Quando a OLP vier a adotar o Islã como orientação de vida, então nos tornaremos seus soldados, o combustível do seu fogo que fará arder os inimigos. E até que isso venha a ocorrer, e oramos a Alá para que venha a ocorrer o mais brevemente, a posição do Hamas para com a OLP é a de um filho para com seu pai, de um irmão para com seu irmão, a de um parente para com um seu parente que sofre as dores dos outros quando um espinho lhe adentra, e que apóia os outros quando atacados pelos inimigos e que lhes deseja a orientação divina e a integridade de conduta.

Seu irmão, seu irmão! Quem não tem um irmão é como alguém que vai à guerra sem levar uma arma. Um primo de um homem é a melhor asa, pois nenhum falcão alça vôo sem asas.

Os Estados e Governos Árabes e Islâmicos

Artigo 28 – A invasão sionista é perniciosa. Não hesita em seguir qualquer caminho ou se utilizar de qualquer meio desprezível ou repulsivo para conseguir seus fins. Apóia-se, em grande parte, para o desempenho de interferências e de espionagem, nas organizações que criou, tais como Maçons Livres, Rotary Clubes, Lions e outras associações de espionagem. Todas essas organizações secretas, algumas operando abertamente, servem aos interesses do sionismo e atuam sob sua direção, trabalhando para demolir sociedades, destruir valores, arruinar a responsabilidade (58) , abalar as virtudes e para varrer o Islã. Encontra-se por detrás da difusão das drogas e tóxicos de todos os tipos a fim de facilitar o seu controle e difusão.

Finalmente,exige-se dos países árabes, situados em volta de Israel, que dispensem todas as facilidades aos combatentes da Jihad (Guerra Santa), dentro e fora deles. Não podemos deixar de lembrar a cada muçulmano de que, quando os judeus ocuparam a Sagrada Jerusalém, em 1967, e se encontravam diante da Sagrada Mesquita de Aksa, gritaram com alegria:

“Maomé está morto, só teve filhas como descendentes”. (59)

Israel, em virtude de ser judaico e ter uma população judaica, desafia o Islã e os muçulmanos.

“Que os olhos dos covardes não possam pegar no sono.”

As Associações, Instituições e a Intelectualidade Nacionais e Religiosas e o Mundo Árabe e Islâmico

Artigo 29 – O Hamas espera que essas Associações cerrem fileiras com ele em todos os níveis, o apóiem, adotem suas posições, dêem impulso às suas atividades e a seus passos e favoreçam toda ajuda ao Hamas, de forma a tornar os povos islâmicos como seus mentores e mantenedores em toda a sua profunda estratégia, em todos os domínios humanos e materiais, bem como na informação, no tempo e no espaço. Entre outras atividades, o Hamas promove reuniões de solidariedade, edita publicações esclarecedoras, publica artigos de apoio e panfletos dirigidos para que as massas fiquem a par do problema palestino, os problemas que enfrentam e as propostas para resolve-los; e ainda atua com a finalidade de mobilizar as populações islâmicas tanto ideologicamente, educacionalmente, e culturalmente para desempenharem o seu papel na guerra de libertação, tal qual desempenharam o seu papel para a derrota dos Cruzados e para por em fuga os Tártaros, salvando a civilização humana. Como tudo isso é caro a Alá!

“Alá decretou: Vede! Conquistarei de fato, Eu e Meus Mensageiros. Vede! Alá é forte e todo poderoso! [Sura LVIII (al-Mujadilah), versículo 21]

Artigo 30 Os homens de letras, os membros da inteligentsia, pessoal da mídia, os clérigos que fazem suas prédicas, professores e educadores, dos mais variados setores do mundo árabe e islâmico, são convocados a assumirem o seu papel e cumprirem o seu dever diante da perversidade da invasão sionista, da sua penetração em muitos países, e do controle que passam a exercer sobre os meios materiais e sobre a mídia, com todas as ramificações conseqüentes, na maioria dos países do mundo. A Jihad (Guerra Santa) não significa somente pegar em armas e destruir os inimigos. Pronunciando palavras absolutamente positivas, escrevendo bons artigos e dando suporte e assistência também é Jihad (Guerra Santa) no caminho de Alá, enquanto forem sinceras as intenções de fazer imperar suprema a bandeira de Alá.

“Aqueles que se preparam para uma incursão, seguindo o caminho de Alá, são considerados como se tivessem participado diretamente da incursão. Aqueles que transformam o seu lar numa retaguarda de uma incursão, são considerados como tendo participado diretamente da incursão.” (dito por Bukhari, Muslim, Abu Dawud e Tirmidhi)

Os Membros de Outras Religiões

O Hamas é um Movimento Humano

Artigo 31 – O Hamas é um Movimento humano, que se preocupa com os direitos humanos, e se acha comprometido com a tolerância inerente ao Islã, com vistas às demais religiões. É somente hostil àqueles que lhe são hostis, ou que se intrometem no seu caminho com o fim de perturbar seus passos ou frustrar seus esforços.

Sob a sombra do islã os membros das três religiões, Islã, Cristianismo e Judaísmo, poderão coexistir sãos e salvos. A segurança e a salvaguarda só podem subsistir sob a sombra do Islã, e a história recente e antiga é a melhor testemunha disso. Os membros das outras religiões devem desistir de lutar contra o Islã no que toca à soberania nesta região. Pois se for para que tenham o poder de mando, a luta, a tortura e a expulsão se seguiria; eles ficariam aborrecidos entre si, para nada falar dos membros das outras religiões. O passado e o presente estão cheios de provas desse fato.

“Não lutarão contra vós, tendo segurança pessoal, seja em vilas fortificadas ou por detrás de poços. A adversidade deles, entre si mesmos, é muito grande. Penseis neles como um todo, considerando que seus corações são diferentes. Isso se dá porque são um povo sem sentido.” [Sura LXIX (al-Hashr – o Exílio) versículo 14]

O Islã respeita os direitos de todos aqueles que mereçam direitos e impede a agressão aos direitos alheios. As práticas nazi-sionistas contra nosso povo não durarão o tempo de vida da invasão que praticaram, porque “Estados construídos sobre a opressão duram somente uma hora, os Estados apoiados na justiça durarão até a hora da Ressurreição.”

“Alá não vos proíbe tratar com justiça e agir com bondade para aqueles que não vos guerrearam nem vos expulsaram de seus lares por motivo de religião. Vede: Alá ama o tratamento justo.” [Sura LX (al-Mumtahana – o Examinado) versículo 8]

As Tentativas de Isolamento do Povo Palestino

Artigo 32 – As forças do sionismo mundial e do imperialismo vêm tentando, por meio de jogadas inteligentes e meticuloso planejamento, afastar os países árabes, um após outro, colocando-os fora do círculo de conflito com o sionismo, a fim de, finalmente, isolar o povo palestino. O Egito já foi posto fora do conflito, em grande parte devido aos traidores Acordos de Camp David, e vem, por sua vez, tentando arrastar outros países para acordos similares, a fim de empurrá-los para fora do círculo de conflito.

O Hamas vem conclamando os povos árabes e islâmicos para que tomem atitudes sérias e incansáveis a fim de frustrar esse pavoroso esquema, trabalhando para que as massas sejam informadas do perigo de se afastar do círculo de luta contra o sionismo. Hoje é a Palestina; amanhã poderá ser outro país ou serão outros países, porque o plano sionista não tem fim, e depois da Palestina cobiçarão o expansionismo do Nilo até o Eufrates. Somente depois de terem digerido completamente toda a área na qual puserem suas mãos, seguirão em frente buscando mais se expandirem, etc. O esquema sionista foi apresentado nos Protocolos dos Sábios de Sion, e a presente (conduta) sionista é a melhor prova do que lá consta.

Sair do círculo de conflito com Israel é o maior ato de traição e conduzirá à desgraça os seus perpetradores.

“Quem, nesse dia, virar as costas ao inimigo, ao menos que seja uma manobra de batalha ou intenção de se reunir a companheiros, estará, de fato, submetido à fúria de Alá, e seu lar será o inferno, o fim de uma jornada infeliz.” [Sura 8 (al-Anfal – Despojos de Guerra), versículo 16].

Não há outra escapatória senão reunir todas as forças e energias para enfrentar essa vil invasão nazi-tártara. Do contrário, seremos testemunhas da perda de nossos países, a expulsão dos seus habitantes, a difusão da corrupção sobre a face da terra e a destruição de todos os valores religiosos. Que todos fiquem conscientes de que tudo é anotado por Alá.

“Quem fizer um mínimo de bem verá (as conseqüências) e quem fizer um mínimo de mal verá (as conseqüências).”

Dentro do círculo de conflito com o sionismo mundial, o Hamas se considera a vanguarda e a ponta-de-lança. Junta suas forças a todos que se acham ativos no cenário palestino, mas há necessidade de mais atitudes a serem adotadas pelas associações dos povos árabes e islâmicos através do mundo árabe e islâmico, a fim de tornar possível o próximo round com os judeus (60), os mercadores da guerra.

“Seremos alvos da inimizade e do ódio deles até o dia da Ressurreição. Assim como fazem atear o fogo da guerra, Alá o extingue. Têm dedicado todos os seus esforços para introduzir a corrupção no país, mas Alá não gosta de corruptos.” [ Sura V (al-Ma’idah – A Mesa Posta), versículo 64] (61)

Artigo 33 – O Hamas partindo dos conceitos gerais que são consistentes e que se acham de acordo com as regras do universo, segue em frente acompanhando o rio do Destino em suas confrontações e na luta da Jihad (Guerra Santa) contra os inimigos, em defesa dos seres humanos muçulmanos, da civilização islâmica e dos lugares santos islâmicos, primeiramente da abençoada Mesquita de Aksa. Assim, com a finalidade de conclamar os povos árabes e islâmicos, bem como seus governos, entidades populares e oficiais, para o fim de terem em conta temer a Alá em suas atitudes e tratamentos para com o Hamas e, de acordo com a vontade de Alá, se tornarem seus patrocinadores e partisanos que lhe dão assistência e continuamente reforçam tal assistência, até que a Determinação de Alá se veja cumprida, suas fileiras super-apinhadas de gente, de forma que os combatentes da Jihad (Guerra Santa) se reúnam aos demais combatentes da Jihad (Guerra Santa), e esta reunião de combatentes parta de todos os pontos do mundo islâmico, obedecendo ao chamado do dever, sempre gritando ‘venham, juntem-se à Jihad!’ (Guerra Santa) Este chamado fará com que as nuvens desapareçam do céu, continuando a soar até que a libertação se complete, os invasores sejam derrotados e a vitória de Alá impere.

“Verdadeiramente, Alá ajuda quem O ajuda. Vede!, Alá é forte, Todo Poderoso.” [Sura XXII (Peregrinação) versículo 40]


PARTE V

O TESTEMUNHO DA HISTÓRIA

Enfrentando os Agressores Através da História

Artigo 34 – A palestina é o umbigo da terra, a convergência dos continentes, objeto da ganância dos gananciosos, desde tempos imemoriais. O Profeta, que as preces e a paz de Alá recaiam sobre ele, aponta para o fato, em sua nobre hadith, (62), no qual implorou a seu venerável Companheiro, Ma’adh ibn Jabl, dizendo:

“Ó Ma’adh, Alá irá garantir a você a vitória sobre a Síria, depois de mim, desde El Arish até o Eufrates, mas os homens, mulheres escravas de lá, lá permanecerão até o Dia da Ressurreição. Aqueles dentre vós, que escolherem viver nas planícies da Síria ou da Palestina (63), se encontrarão em permanente estado de Jihad (Guerra Santa), até o Dia da Ressurreição.”

Os gananciosos cobiçaram a Palestina mais de uma vez, e para lá se dirigiram com seus exércitos para levarem a cabo sua cobiça. Multidões de Cruzados desceram sobre ela, carregando sua fé e agitando sua Cruz. Foram capazes de derrotar os muçulmanos por muito tempo, e os muçulmanos não foram capazes de redimi-la até que buscaram a proteção da bandeira de sua religião; então, uniram suas forças, entoaram suas orações ao seu Deus e encetaram a Jihad (Guerra Santa) sob o comando de Saladin al-Ayyubi, durante cerca de duas décadas, e então, obviamente, a conquista se deu quando os Cruzados foram derrotados e a Palestina libertada. (64)

“Dizei (Oh Maomé) àqueles que não crêem: sereis derrotados e conduzidos ao inferno, um mau lugar para descansardes.” [Sura III (al-Imran) versículo 12]

Esse é o único caminho para a libertação e não existe dúvida com o testemunho da história. Trata-se de uma das regras do universo e uma das leis da existência. Somente o ferro pode quebrar o ferro, somente a fé verdadeira do Islã pode anular a falsa e falsificada fé deles. A fé somente pode ser combatida com a fé. A vitória final é reservada para a verdade, e só a verdade é vitoriosa.

“E, verdadeiramente, Nossa palavra foi adiante e se manteve até que Nossos homens foram enviados para vigiarem as fronteiras. E eles foram, de fato, ajudados. E, com o Nosso protetor, eles, de fato, seriam vitoriosos.” [Sura XXXVIII (al-Saffat) versículos 171/3]

Artigo 35 – O Hamas observa seriamente a derrota dos Cruzados por Saladin al-Ayyubid e a salvação da Palestina do domínio deles; da derrota dos tártaros em Ein Jalut (65), onde sua espinha dorsal foi quebrada por Kutuz (66) e Al-Dhahir Baibars (67), e o mundo árabe foi salvo da varredura dos tártaros, que arruinaram todos os aspectos da civilização humana. O Hamas aprendeu dessas lições e exemplos , que a atual invasão sionista foi precedida pela invasão das Cruzadas do Ocidente; e mais uma: a dos tártaros do oriente. E, tal como os muçulmanos enfrentaram aquelas invasões, planejando conte-las e derrotá-las, serão capazes de enfrentar a invasão sionista e derrotá-la. Tal não será difícil para Alá se nossas intenções se revelarem puras e nossa determinação for sincera; se os muçulmanos extraírem lições úteis da experiência do passado, e se despirem dos vestígios do violento assalto ideológico (do ocidente), e ainda se seguirem as tradições do Islã.


EPÍLOGO

O Hamas é o Soldado

Artigo 36 – O Hamas, mantendo o seu caminho, reitera vez mais, a todos os nossos membros e a todos os povos árabes e islâmicos, que o Hamas não busca para si fama nem ganhos materiais, nem status social. O Hamas não é orientado contra qualquer integrante de nosso povo, com o fim de competir com ele ou substituí-lo. Não existe nada disso. Jamais se levantará contra qualquer muçulmano ou contra não-muçulmanos que façam a paz com o Hamas, aqui ou em qualquer lugar. O Hamas somente virá em apoio a todas as associações e organizações que atuem contra o inimigo sionista e contra aqueles que giram ao redor de sua órbita.

O Hamas postula o Islã com um meio de vida, sua fé e seu padrão de juízo. Quem postular o Islã como meio de vida, onde quer que seja, independente de se tratar de uma organização, um estado ou outro grupo, terá o Hamas como seu soldado, nada mais.

Imploramos a Alá para que nos guie, que se Utilize da gente para decidir entre nós e nosso povo com a verdade.

“Senhor! Decidi com a verdade entre nós e nosso povo, pois Vós sois o que melhor decidis.”[Sura VII (at- A’raf – as alturas), versículo 89].

Nosso último chamado é:

Graças a Alá, o Senhor do Universo.



NOTAS


Este estatuto figura no site do Hamas, com as notas a seguir do livro de Y. Alexander e H. Foxman, Anuário sobre Terrorismo 1988/89. Holanda, Academic Publishers, 1990

1 – Hamas é o acrônimo de Movimento de Resistência Islâmico – Harakat Mukawama Islamiyya – e a palavra, literalmente, significa “entusiasmo”, “zelo”, “fanatismo” que descreve perfeitamente o movimento.

2 – Trata-se da clássica designação dos muçulmanos para com judeus e cristãos, cujas escrituras foram incorporadas pelo Islã, exceto acusarem terem sido partes do texto sagrado forjadas, tornando, assim, a divina mensagem do Corão atualizada, suplantando os textos anteriores.

3 - Significa que, se o povo das escrituras (os judeus) não aderir e mantiver o pacto que o Profeta fez com ele, em Medina, seu destino deverá ser a ignomínia.

4 – A tradução segue o livro O Sentido Glorioso do Corão, de Muhammed Marmaduke Pickthall, Mentor Books, Nova Iorque (sem data). De acordo com essa tradução, os versículos são de números 110/112.

5 – Hassan al-Banna foi o fundador da Fraternidade Muçulmana, no Egito, nos anos 1920. Hamas declara-se afiliado a esse movimento.

6 – Da’wa é “chamamento”, “missão”, que sucessivos movimentos islâmicos têm usado como eufemismo para a doutrinação e ação missionária. O jornal da Fraternidade Muçulmana, no Egito, chama-se Da’wa.

7 – Guerra Santa pela causa do Islã.

8 – “Fé” é empregado aqui no sentido islâmico tradicional de conquista em prol do Islã. Então, a santidade das terras conquistadas é parte do Dar-al-Islam, a Morada do Islã.

9 ­– A Palestina foi conquistada por Umar (Omar) ibn al-Khattab, um dos mais chegados e habilidosos companheiros do Profeta, e segundo Califa do Islã (634-644).

10 – A tradução do versículo segue Pickthall, citado.

11 – Sob o Islã, os judeus (e outros que seguem as Escrituras, para essa finalidade) têm assegurado o status de Ahl a-dhimma (povo protegido), o que lhes garantem a vida e propriedades desde que se submetam às leis do Islã, paguem os impostos proporcionais (jizya), aceitando as restrições que impõem as leis do Islã. Ver nota 58.

12 – Notório pensador e teólogo muçulmano-hindú.

13 - Ver a introdução dos autores, no livro citado, para o papel de Qassam na Palestina dos 1930

14 – Na Guerra d Independência de Israel, em 1948, a Fraternidade Muçulmana teve papel significativo. Conferir na introdução do livro citado

15 – Na ‘Guerra de Atrito”, que se seguiu à derrota árabe em 1967, grupos da Fraternidade Muçulmana participaram em ataques a Israel.

16 – Referência ao Dia do Julgamento. Essa tradição (hadit), que é imputada ao Profeta, tem sido freqüentemente citada na literatura islâmica, antiga e moderna. As tropas egípcias, que lançaram o assalto da Guerra do Yom Kipur, em 1973, se achavam equipadas com um “livreto de orientação”, que incluía, inter alia, a mesma citação.

17 – Um tipo de árvore do deserto, provavelmente um tipo de armolão selvagem.

18 – Bukhari e Muslim são os mais autorizados e amplamente aceitos colecionadores de hadiths (tradições do Pro feta)

19 – Wakf é uma herança religiosa (legado). Há de vários tipos: Wakfs familiares e particulares, cujos procedimentos decorrem de testamento de membros da família dos doadores e que, após a morte do último descendente devem ser destinadas para fins caritativos; Wakf públicas, doações separadas para fins de caridade ou religiosa. A Terra Santa é considerada, como todas as terras conquistadas pelas forças do Islã, como propriedade pública inalienável muçulmana.

20 – Shari’a é a Lei Sagrada do Islã.

21 – O Segundo Califa do Islã (634-644), após a morte do Profeta. Sob o seu reinado, o Império islâmico, incluindo a Palestina, foi estabelecido e expandido. Veer nota 9.

22 – Em árabe figura “raqba” que pode significar controle, supervisão, guarda ou pode ser lido como “raqaba”, significando escravos trabalhando no pais.

23 – versículos 95/96 na tradução de Pichthall

24 – Sobre o significado de “watan” e “wataniyya”, ver a introdução da obra citada.

25 – Fard’ayn, é um dever individual, segundo a Lei Islâmica, distinto de Fard Kifaya, que é um dever coletivo. Fard’ayn é um dever absoluto, que se sobrepõe a quaisquer outras considerações, como os deveres da mulher para com seu marido e do escravo para seu senhor.

26 – É significante que a primeira frase deste versículo foi suprimida – “Não deverá haver coerção em matéria de fé”, que os muçulmanos freqüentemente citam como prova da tolerância no Islã. Assim fica indicada a absoluta, incompartilhável e não comprometida verdade do Islã, orientando no caminho certo.

27 – Os dirigentes do Hamas, especialmente o Sheik Yasin, de Gaza, quando entrevistados pela mídia a respeito de suas soluções para o problema palestino, consideraram as tentativas diplomáticas como “perda de tempo”.

28 – Trata-se de uma alusão ao tradicional método islâmico de análise interpretativa escolástica dos hadiths do Profeta, para garantir suas veracidades.

29 – Jerusalém foi declarada pelo Profeta como Qibla (direção das orações) para seus crentes, em Medina, aparentemente como um gesto de boa vontade para os judeus de lá, com a esperança de converte-los para a sua fé. Entretanto, depois de ter rompido com os judeus, e quando conquistou Meca, esse local se tornou a Qibla para todos os muçulmanos. Mas Jerusalém manteve o exaltado título de primeira Qibla, embora não seja citada pelo nome Jerusalém, mas de primeira Qibla. A palavra Jerusalém não é citada no Corão.

30 – Os dois mais sagrados relicários do Islã são Meca, onde está a Pedra Negra da Ka’ba, e Medina, onde o Profeta viveu e morreu. O terceiro, em linha, é o Haram-al-Sharif, no Monte do Templo, em Jerusalém, de onde se acredita o Profeta ascendeu ao sétimo céu (Mi’raj).

31 – A Masra é o ponto de partida do Profeta na sua jornada ao céu.

32 – Reconhecido, na tradição islâmica, como Meca.

33 – O “local distante”, em árabe é “Al-Aksa”, considerado ser Jerusalém na tradição islâmica e a Mesquita de Aksa estará localizada no presumível local visitado por Maomé.

34 – Esta Sura também é conhecida como “Os Filhos de Israel”.

35 – Ver nota 25, acima.

36 – Ver nota 25 acima.

37 – Salah-a-din, ou Saladin, um curdo muçulmano, que governou o Reino de Ayyubid no tempo das Cruzadas, se tornou muito conhecido depois de ter infligido a derrota aos Cruzados na decisiva batalha de Hittin (1187) e ter conquistado, pela segunda vez, Jerusalém para o Islã (1189). No mundo moderno do Islã sua memória foi revivida e cultivada como parte da luta contra o sionismo, que é considerado, na literatura árabe-muçulmana moderna, como as Cruzadas Medievais.

38 – O General Allemby tomou a Palestina do Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial, abrindo a era do mandato Britânico sobre a Palestina, que durou até 1948. Os autores não conseguiram encontrar referência às palavras citadas do General inglês a respeito da tomada de Jerusalém relacionada às Cruzadas.

39 – O original árabe fala de General “Guru”, que, provavelmente é abreviatura de General Gouraud, o primeiro Alto-Comissário francês na Síria, a quem é imputado ter pronunciado aquelas palavras.

40 – De acordo com a tradição islâmica esse foi o ponto de partida do Profeta para sua jornada de Meca a Jerusalém. Ver notas 26 e 31.

41 – Ver nota 30.

42 – Ver notas 29 – 31.

43 – Todos aqueles que recolheram hadiths e as transmitiram; ver nota 18.

44 – Ver nota 18.

45 – Confiar somente no Corão e na Sunna (tradição do profeta) é uma característica dos movimentos fundamentalistas islâmicos, que depositam pouca estima nas outras das usul-a-Din (os fundamentos da fé, as fontes da lei da Sharira), principalmente Kiyas (analogia), Ijma’ (consenso) e Ada (costumes locais).

46 – Cientistas, aqui, são Ahl-el-Ilm-ulama (doutores da Lei Sagrada).

47 – Jahiliyya é a era da ignorância que precedeu a vinda do Profeta Maomé, era geralmente retratada em termos de opressão, ilegalidade, descrença, injustiça e obscurantismo, até que a Mensagem do Profeta Maomé veio trazer luz aos árabes da Arábia. Por isso, qualquer retorno a um anti-islamismo ou regra não islâmica, qualquer ato de renegação do islã ou ato de apostasia por muçulmanos, em todos os domínios da vida, são descritos na literatura fundamentalista islâmica como retorno à “Jahiliyya”.

48 – Umma é a congregação universal de todos os muçulmanos.

49 – Referência a ações ocasionais de Israel entre as populações palestinas, dentro de suas fronteiras.

50 – O desmembramento do Império Otomano significou, de fato, o fim do Califato.

51 – A famosa carta de Lord Balfour, Ministro do Exterior da Inglaterra, de 02/11/1917, na qual ele assegura a ajuda britânica para o estabelecimento do Lar Nacional Judaico na Palestina, o que foi que veio a conceder o Mandato Britânico sobre a Palestina, depois da Primeira Guerra.

52 – Trata-se de parte do versículo que se refere especificamente aos judeus e diz, entre outras coisas: “somente granjeamos deles a inimizade e o ódio até o Dia da Ressurreição”.

53 – Ver nota 45.

54 – Versículo 103 na tradução de Pickthall.

55 – Em vista do que foi dito acima sobre os judeus como indivíduos e grupo, parece serem exceção da regra.

56 – Versículo 148/9 em Pickthall.

57 – Referência à pessoa que trouxe falsas notícias sobre uma revolta a respeito de judeus em Khaybar.

58 – O termo usado é “Dhimam”, plural de “Dhimma”, a palavra certa na tradição islâmica, que define o status dos judeus (e cristãos) sob o Islã. Essas pessoas eram protegidas e salvaguardadas se pagassem um imposto especial, em dinheiro, e reconhecessem a hegemonia do Islã. Ver nota 11.

59 – é impossível verificar em que se baseia esta afirmação. Trata-se de uma canção popular árabe que denigre aqueles que deixaram de gerar filhos homens e só deixaram descendentes mulheres.

60 – Apesar de dizer o contrário, o Hamas emprega indiferentemente Judeus e Sionismo. A base de sua ação é contra o sionismo, mas com a introdução de temas anti-semitas, como os “Protocolos dos Sábios de Sion”, que antecedem o nascimento do sionismo, expõem suas verdadeiras intenções contra os judeus em geral.

61 – Esse versículo se refere, explicitamente, sobre os judeus, na sua primeira parte, que não é citada.

62 – Tradição referente ao Profeta, indicando que ele fez, disse ou aprovou uma coisa em particular. Considerando que o Profeta é tido como o mais notável dos homens e sua vida um modelo a ser emulado, conhecer os hadiths e agir segundo eles é visto como o mais elevado procedimento no islã.

63 – O termo empregado é “Bayt al-maqdas”, literalmente “Casa Sagrada”. O termo foi empregado para designar Jerusalém e, por extensão, toda a Palestina.

64 – Ver nota 37.

65 – A batalha de Ein Jalut (1260) é a única que deteve o avanço dos mongóis no Oriente Médio, quando foram derrotados pelos mamelucos muçulmanos sob Baibars (1223/1277).

66 – Rei Mameluc
o do Egito (1259/1260).

67 – Ver nota 65.

2 comentários:

  1. Grande carta do Hamas, minhas saudações aos irmãos e irmãs palestinos, iranianos, iraquianos e todos pertencentes a grande nação islâmica do oriente médio (exceto Israel, que é ilegal.)

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