quarta-feira, janeiro 27

Nobel da Paz critica papa Pio 12 de se calar sobre Holocausto

Elie Wiesel, sobrevivente de Auschwitz, fez discurso que marcou 65º aniversário da liberação do campo de concentração

Reuters

"Silêncio ajuda sempre o agressor", disse Wiesel

Em discurso nesta quarta-feira (27) no Parlamento da Itália, o sobrevivente do Holocausto e Nobel da Paz, Elie Wiesel, criticou duramente o papa Pio 12 pelo "silêncio" durante os assassinatos em massa de judeus cometidos pelos nazistas.

Wiesel, um sobrevivente dos campos de Auschwitz e Buchenwald, fez um discurso emocionado no Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, também o 65º aniversário da liberação do campo de morte nazista em Auschwitz.

Quase no mesmo momento, o papa Bento 16, que nasceu na Alemanha e defendeu as ações de seu antecessor da época da Segunda Guerra Mundial, falava sobre o Holocausto numa audiência geral no Vaticano.

"Seja no nível mais baixo da política ou no nível mais alto da espiritualidade, o silêncio nunca ajuda as vítimas. O silêncio ajuda sempre o agressor", Wiesel disse aos parlamentares e a outras autoridades importantes, incluindo o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.

Uma fonte da entourage de Wiesel disse mais tarde à Reuters que as palavras "nível mais alto da espiritualidade" eram uma referência a Pio 12, que liderou a Igreja Católica Romana entre 1939 e 1958.

A questão sobre se Pio 12 ajudou ou não os judeus durante a Segunda Guerra permanece um tema polêmico entre católicos e judeus, e a referência de Wiesel a Pio 12 indica que não há sinais de resolução.

Dez dias atrás, o papa Bento 16 fez sua primeira visita à sinagoga de Roma, onde um líder judeu lhe disse diretamente que ele deveria ter falado com mais vigor contra o Holocausto a fim de mostrar solidariedade com os judeus que eram levados aos "fornos de Auschwitz".

O Vaticano sustenta que Pio 12 não se calou durante a guerra, mas escolheu agir nos bastidores, preocupado que a intervenção pública pudesse piorar a situação, tanto para os judeus como para os católicos na Europa dominada por Hitler.

Em sua audiência geral, Bento 16, que integrou a Juventude Hitlerista quando era adolescente durante a guerra, descreveu o Holocausto como uma "loucura homicida" que nunca deveria ser esquecida.

"Com um espírito emocionado pensamos nas incontáveis vítimas do ódio cego e religioso, nas que foram submetidas a deportações, prisões e mortes naqueles lugares desumanos e detestáveis", disse o papa.

Os judeus pedem que os arquivos do Vaticano durante a guerra sejam abertos ao público para que se possa estudar o papel de Pio 12.

3 comentários:

  1. Judeus,ciganos e antinazistas foram massacrados na Slovakia (pró-nazi) do padre Jozef Tiso... e Pio XII caladinho... judeus,ciganos, ortodoxos sérvios e opositores brutalmente mortos na Croácia ustasha (nazicatolica) de Ante Pavelic.. Pio XII... caladinho.... Varios nazistas fugiram da Europa graças ao Vaticano... e Pio XII... conivente....

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  2. Nenhum padre que cooperou com o nazismo (nem falo dos que cometeram crimes de lesa humanidade) foi banido da igreja... o papa nunca tomou atitude contra esses padres

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  3. Caladinho nada !!!Pio XII foi um dos únicos lideres que ordenou a todos os conventos e seminarios que abrigasse judeus dentro de porões para eles não serem executados....está tudo documentado e existem relatos de judeus que sobreviveram graças a o Papa.

    Ao todo foram salvos mais de 12 mil judeus.

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